terça-feira, 19 de julho de 2022

Delegado da Polícia Federal desmente falas de Bolsonaro a embaixadores


O delegado Victor Neves Feitosa Campos, responsável pelo inquérito sobre o ataque hacker ao sistema do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), disse em depoimento à Polícia Federal que não encontrou indícios de que a ação pudesse ter resultado em manipulação de votos, fraude ou problemas na integridade das urnas.

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A posição do delegado contradiz discurso de Jair Bolsonaro (PL) durante reunião com embaixadores nesta segunda-feira (18).

Victor Campos prestou depoimento na investigação aberta a pedido do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), após Bolsonaro utilizar pela primeira vez, em 4 de agosto de 2021, o inquérito para sustentar seus ataques sem provas às urnas.

"Segundo o TSE, os hackers ficaram por oito meses dentro do computador do TSE, com código-fonte, senhas -muito à vontade dentro do TSE. E [a Polícia Federal] diz, ao longo do inquérito, que eles poderiam alterar nome de candidatos, tirar voto de um e mandar para o outro", disse Bolsonaro aos representantes das embaixadas.

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Essa não foi a primeira vez que o presidente usou o inquérito para atacar a segurança das urnas. Em 4 de agosto de 2021, Bolsonaro fez uma live e divulgou em suas redes a cópia da investigação como forma de reforçar sua teoria da conspiração sobre fraudes nas urnas.

Dias após a divulgação, a pedido do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, a PF abriu uma investigação.

Nessa apuração, que concluiu que o presidente atuou "com o nítido desvio de finalidade e com o propósito de utilizá-lo (o inquérito) como lastro para difusão de informações sabidamente falsas", o delegado negou ter encontrado qualquer indício de fraude nas urnas.

"Indagado se, como presidente do inquérito, identificou nos autos qualquer elemento que permitisse afirmar que houve manipulação de votos ou fraude em qualquer eleição, respondeu que não identificou nenhum elemento que pudesse afirmar isso", disse ele.

Em seguida, questionado sobre se a apuração permitia dizer que houve ataque à integridade das urnas eletrônicas, Victor Campos disse que "não identificou nenhum elemento que pudesse afirmar isso".

Segundo o TSE, o ataque só envolveu informações administrativas do TSE, ou seja, o hacker não teria acessado dados que poderiam afetar a apuração das eleições ou dados sensíveis relacionados aos sistemas da urna, por exemplo.

Apesar disso, como o ataque, que teria ocorrido em setembro de 2020, só se tornou de conhecimento público no dia das eleições, em um dia em que houve atraso na apuração, o episódio serviu como motor de desinformação nas redes sociais.

A lentidão na apuração, segundo o TSE, ocorreu porque 2020 foi o primeiro ano em que a totalização dos votos de todo o país foi centralizada no TSE, o que antes era feito pelos tribunais regionais eleitorais.


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