quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Jair Bolsonaro e Carla Zambelli batem boca durante jantar do PL

 


“Jair Bolsonaro discutiu com a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) durante o jantar de confraternização do PL, nesta terça-feira (29), em Brasília. A discussão ocorreu na mesa onde o presidente estava jantando e foi presenciada por parlamentares do partido. Segundo relatos, Bolsonaro estava exaltado com a deputada”, informa o jornalista Igor Gadelha em sua coluna no portal Metrópoles.

“À coluna, Zambelli confirmou a discussão, mas não quis informar o motivo. Ela negou, porém, relação com o episódio da arma sacada por ela na véspera do segundo turno da eleição”, acrescenta.

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O ministro Luís Roberto Barroso diz que lamenta, mas não se arrepende de ter dito “perdeu, mané. Não amola” para bolsonarista


O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), comentou o episódio polêmico em que rebateu um manifestante bolsonarista após ter sido hostilizado em Nova York. Na ocasião, o magistrado usou a frase “perdeu, mané. Não amola”.

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Em entrevista à GloboNews, Barroso afirmou que não se arrepende da atitude, mas lamentou que tenha sido preciso reagir.

O ministro afirmou que reagiu após dias de insultos. “Pessoas nos xingaram dos piores nomes”, relatou. E brincou: “Eu sou uma pessoa zen, medito, mas o problema é que, nas raras vezes que perco a cabeça, sai em rede nacional”.

Barroso estava em Nova York para um encontro do Lide, o grupo empresarial fundado pelo ex-governador paulista João Doria. Ele entrava no Harvard Club com o presidente Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, quando teve a reação. 

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“O senhor vai responder às Forças Armadas? O senhor vai deixar o código-fonte ser exposto?”, questiona o brasileiro, que anda atrás dos ministros. “Perdeu, mané, não amola!”, responde Barroso, antes de entrar em um prédio. 

Além de Barroso, outros ministros da Corte, como Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes, também foram atacados verbalmente. 

Na época, o Supremo repudiou os ataques proferidos. Em nota pública, assinada pela presidente do STF, ministra Rosa Weber, o posicionamento da Corte foi de que a democracia é incompatível com a intolerância. 

“A democracia, fundada no pluralismo de ideias e opiniões, a legitimar o dissenso, mostra-se absolutamente incompatível com atos de intolerância e violência, inclusive moral, contra qualquer cidadão”, diz a nota.

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Mais de 300 deputados já formalizaram apoio à reeleição do Arthur Lira à presidência da Câmara dos Deputados


Os partidos PT, PV, PCdoB e PSB anunciaram nesta terça-feira (29) apoio à reeleição de Arthur Lira (PP-AL) como presidente da Câmara dos Deputados. Somadas, as quatro legendas totalizam 94 deputados em 2023.

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Em entrevista coletiva, o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) afirmou que a decisão foi tomada em consenso.

"Nós decidimos pelo apoio à reeleição do presidente Arthur Lira, compreendendo que nós temos uma agenda de país, de reconstrução do Brasil. O próprio presidente Arthur Lira foi o primeiro a reconhecer a legitimidade das urnas, do voto popular, e nós entendemos que é fundamental essa estabilidade institucional. E que é possível construir um bloco de governo que possa dar ao país, ao presidente Lula, estabilidade, governabilidade e uma base sólida", afirmou o parlamentar.

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Além do PT, PV, PCdoB e PSB, outros dez partidos já registraram apoio a Lira, veja:

  • União Brasil (59 deputados em 2023)

  • PP (47 deputados em 2023)

  • Republicanos (41 deputados em 2023)

  • PDT (17 deputados em 2023)

  • Podemos (12 deputados em 2023)

  • PSC (6 deputados em 2023)

  • Patriota (4 deputados em 2023)

  • Solidariedade (4 deputados em 2023)

  • PROS (3 deputados em 2023)

  • PTB (1 deputado em 2023)

Formalmente, o candidato à reeleição na Casa já conta com o apoio de cerca de 300 deputados. Além disso, o número deve crescer. O PL, partido do atual presidente Jair Bolsonaro, com 99 deputados e PSD, com 42, também sinalizaram apoio a Lira na disputa.

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A eleição acontecerá em fevereiro de 2023, para um mandato de dois anos. Para vencer, é necessário ter o apoio da maioria absoluta dos votantes, desde que haja um quórum mínimo de 257 deputados. 

Em 2021, Lira foi eleito em primeiro turno, com 302 votos, após ser apoiado por 11 partidos. O membro do PP ainda não tem concorrente para a eleição.

Além da presidência da Câmara, parlamentares também disputam dez cadeiras na Mesa: duas vice-presidências e quatro secretarias (com quatro vagas titulares e quatro suplentes).

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A atriz Cássia Kiss é bloqueada por colegas na Globo


Cássia Kis tornou-se um nome polêmico nos últimos meses de 2022 por conta da participação da atriz em manifestações antidemocráticas e das declarações consideradas homofóbicas em entrevistas recentes. Escalada na novela Travessia, da TV Globo, ela criou um problema nos bastidores da emissora.

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A artista começou a ser isolada pelos colegas de trabalho. Em um primeiro momento, ganhou apelidos hostis e teve que lidar com declarações críticas de outros artistas. Agora, os companheiros de Globo decidiram bloquear Cássia Kis no WhatsApp para não receber mensagens e cortar relações com uma pessoa com ideais antiprogressistas. A informação é do Uol.

Apesar do ambiente conturbado, na Globo, a ordem é só resolver a situação contratual da atriz após o fim da novela de Gloria Perez.

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Bolsonarista e neto de ditador, Paulo Figueiredo desmentiu o deputado Eduardo Bolsonaro


Neto do ditador João Baptista Figueiredo, o comentarista de extrema-direita Paulo Figueiredo, aliado e simpatizante do atual governo, desmentiu o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) sobre a declaração do filho do presidente sobre sua viagem ao Catar.

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Após ser flagrado com sua esposa dentro do estádio durante a vitória do Brasil sobre a Suíça nesta segunda-feira (28), o filho do presidente Jair Bolsonaro (PL) gravou um vídeo informando que foi ao Catar para levar pen-drives sobre a “situação do Brasil” a autoridades estrangeiras.

Durante programa da rádio Jovem Pan desta terça-feira (29), Paulo Figueiredo desmentiu o parlamentar. De acordo com o comentarista, Eduardo planejava a viagem há muito tempo, quando ainda acreditava que seu pai venceria as eleições contra Lula (PT). Ele também destacou que iria ao Catar para se “divertir”.

“Eduardo é um cara simples, que vive do salário dele. Então, está pagando essa viagem a prestações há muito tempo, esperava que o pai neste momento teria sido reeleito presidente, que as coisas estariam tranquilas no Brasil quando começou a planejar essa viagem, planejou com outras pessoas”, disse.

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“E aí, agora, aconteceu isso tudo no Brasil que ele não esperava, achou que não podia acrescentar nada no Brasil, e acabou pegando o avião e viajando”.


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Na internet o Lula sobe e o Bolsonaro despenca

 


No mês seguinte à vitória, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve seu melhor desempenho em redes sociais neste ano, abrindo dianteira sobre Jair Bolsonaro (PL), que despencou nos meios virtuais desde a derrota, segundo o Índice de Popularidade Digital (IPD).

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O indicador, que vai de 0 a 100, é calculado diariamente pela empresa de pesquisa e consultoria Quaest e publicado pela Folha desde junho. Lula atingiu 84,8 e Bolsonaro marcou 51,6 na medição mais recente, de segunda-feira (28), informa a Folha de S.Paulo

Lula marcou 89,1 no dia da eleição, 30 de outubro, e atingiu a melhor pontuação nos dias em que participou da COP27. O pico (96,1) ocorreu em 16 de novembro, data em que ele falou na Conferência do Clima da ONU, com um discurso que repercutiu positivamente na comunidade internacional.

Segundo a Quaest, também teve repercussão positiva o anúncio do vice Geraldo Alckmin (PSB) como coordenador da equipe de transição do governo, no dia 1º de novembro.

Já Bolsonaro, que no dia do segundo turno possuía 72,8 pontos, amargou nos últimos dias sua pior sequência, com IPD na casa dos 40 pontos. 

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terça-feira, 29 de novembro de 2022

Bolsonarista golpista acampado em frente a quartel diz para o Bolsonaro que perdeu o emprego e a mulher


Acampados há 29 adias em frente aos quartéis do Exército em várias capitais do país, centenas de bolsonaristas comentaram em uma postagem publicada nesta terça-feira (29/11) pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), em sua conta oficial no Twitter.

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Os comentários foram feitos logo abaixo de uma foto onde Bolsonaro aparece sentado atrás de uma bancada, com o brasão da República. Alguns patriotas afirmavam estar cansados de pegar sol e chuva, além de terem perdido o emprego e até o casamento. Algumas postagem chegaram a ser replicadas, em tom de chacota por outros internautas.

Em um dos comentários, um bolsonarista comenta que sua vida virou de cabeça para baixo. “Me encontro a [sic] 30 dias parado na frente de quartéis. Cago na sarjeta, minha esposa me deixou e levou meus 2 filhos pequenos, perdi meu emprego e devo 2 mil ao meu primo”, lamentou.

Veja prints dos comentários:

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Sem recuar

Em outras mensagens enviadas ao presidente, um bolsonarista afirma que não recuará apesar de sua esposa ter pedido divórcio e ele ter sido obrigado a vender o carro. “Não tenho mais nem onde morar. Acho que vai valer à pena, Minha bandeira não pode se render ao comunismo”, disse.

Já outro homem acampado em frente a um dos quartéis comenta que espera por uma ação em definitivo do presidente Jair Bolsonaro. “Perdi meu emprego e meus familiares e amigos estão contra mim, mas não vou sair daqui. Eu amo essa nação”, disse.

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É encontrado corpo da adolescente Luana Marcelo de 12 anos de idade


A Polícia Civil de Goiás (PCGO) encontrou o corpo de Luana Marcelo (foto em destaque), de 12 anos, que estava desaparecida desde a manhã de domingo (27/11). No dia, ela saiu de casa para comprar pão, no setor Madre Germana II, em Goiânia (GO).

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O corpo da menina foi localizado na manhã desta terça-feira (29/11). A polícia prendeu um homem temporariamente. Ele é suspeito de ter sequestrado e matado Luana. O rapaz confessou ter estrangulado a vítima.

Reidimar Silva Santos, 31 anos, indicou o local onde estava o corpo de Luana, no momento em que a Polícia Civil do estado foi até a residência para cumprir o mandado de prisão temporária dele. O cadáver da menina foi enterrado sob terra e entulho, no quintal da casa do suspeito.

O homem disse que ofereceu carona para a adolescente, sob a alegação de que devia dinheiro para os pais dela e que ia pagar a dívida. No entanto, ele levou a vítima para casa, onde a estrangulou usando as mãos, segundo versão dele para a polícia, gravada em vídeo.

Na segunda, a polícia fez uma perícia no carro de Reidimar, que estava estacionado no local em que Luana foi vista pela última vez. O motorista também havia sido ouvido na delegacia.

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Tentativa de estupro

A delegada Caroline Borges, da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Goiânia (GO) disse que Reidimar relatou ter tentado estuprar a menina, antes de matá-la.

“Segundo ele, ele tentou abusar sexualmente dela, mas ela se debateu e, por fim, ele resolveu matá-la”, disse a investigadora. Exames periciais e diligências da investigação devem confirmar a versão do autor.

Caroline se emocionou ao falar sobre o caso com um repórter da TV Brasil Central. Ao ser questionada sobre a família da vítima, a delegada embargou a voz e ficou com os olhos lacrimejando.

“Conversamos hoje, eles (os pais da vítima) foram ouvidos formalmente aqui na delegacia na manhã de hoje. Eu garanti a eles que eu encontraria a filha deles e… Infelizmente, entregamos o corpo e a resposta foi essa”, afirmou a delegada, visivelmente emocionada.

Segundo a investigadora, o suspeito conhecia a família de Luana. Os pais de Luana eram proprietários de uma distribuidora de bebidas, que ele costumava frequentar.

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Militar lotado no Palácio do Planalto vai a atos golpistas, faz ameaças a petistas de diz que Lula não irá subir a rampa


O militar da Marinha Ronaldo Ribeiro Travassos, lotado no Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), chefiado pelo general Augusto Heleno, aparece em áudios e vídeos enviados a um grupo de mensagens incentivando os atos golpistas em frente aos quartéis das Forças Armadas.

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Segundo a Folha de S.Paulo, ele afirma que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não tomará posse no dia 1º de janeiro e também defende o assassinato de eleitores do petista. Procurado, ele disse que não comentaria suas falas e argumentou não saber se era ele mesmo nas mensagens.

Travassos é primeiro-sargento da Marinha e trabalha na divisão administrativa do gabinete de Augusto Heleno. O militar está lotado no Palácio do Planalto desde o final de 2016, quando Michel Temer (MDB) era presidente.

Em um vídeo gravado no último dia 24, data da estreia do Brasil na Copa do Mundo, Travassos criticou colegas do GSI e da Presidência que não estavam na manifestação no Quartel General do Exército, em Brasília, pedindo golpe.

“Aí pessoal, tá lotado. 24 de novembro de 2022, horário do jogo do Brasil, mas o povo não quer nem saber, o povo está aqui lutando pelo Brasil. Eu tenho certeza que o ladrão não sobe a rampa. Agora, você que tá bonitinho em casa, quando seu filho virar boiola ou uma sapatão esquerdista, não reclame”, disse ele.

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Nas mensagens, Travassos fala sobre a hipótese de o presidente eleito Lula não tomar posse e diz em um áudio ter feito a previsão a outro integrante do GSI, o general Joaquim Brandão, que é assessor especial de Heleno.

“O general Brandão me perguntou lá no gabinete: Marujo, o que você acha? Acho não, tenho certeza, o ladrão [em alusão a Lula] não vai subir a rampa. Por que você diz isso? Porque eu confio no povo que tá lá no QG, em todos quartéis Brasil afora, confio nos caminhoneiros e nos índios. Se as Forças Armadas não fizerem nada, nós vamos fazer.”

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Fotos, áudios e vídeos compartilhados da manifestação no QG do Exército apontam que Travassos chegou a dormir ao menos uma noite no local junto aos manifestantes.

O militar afirma nas conversas que haverá uma “guerra civil” no país. “Estevão, apagou por quê? É isso mesmo, tem um monte de colega omisso. Tem gente aqui nesse grupo, tem grupo de fora, meu prédio tem 17 moradores, dos 17, seis fazem o L. Nós precisamos saber quem é quem, porque a guerra civil vai rolar”, afirma Travassos.

A mensagem enviada no grupo era uma resposta a Estevão Luiz Soares, outro militar da Marinha lotado na Presidência. Após a citação à suposta guerra civil, Travassos afirma que defenderia qualquer “patriota”, mas que daria um tiro na cabeça do próprio irmão se ele fizesse o “L” de Lula.

“Não tô falando isso de brincadeirinha, não, é sério. Quem faz o L é terrorista. Tem que morrer mesmo, ou mudar ou morrer, porque não tem jeito uma pessoa dessa”, disse ele no grupo em referência aos eleitores de Lula.

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Travassos é militar da ativa e, portanto, não poderia participar de manifestações político-partidárias. A Constituição proíbe a filiação de militares da ativa a partidos políticos e a regra da categoria diz que é proibida “quaisquer manifestações coletivas, tanto sobre atos de superiores quanto as de caráter reivindicatório ou político”.

Nas mensagens, porém, ele afirma que “o general” tem conhecimento da sua participação nos atos golpistas, mas não cita se o general seria Augusto Heleno.

“Pelo amor de Deus, alguém tá preocupado com isso? Ah, não vou não porque sou militar e não posso. O general sabe que eu tô aqui e eu falei que tem bastante gente, tem gente da segurança e tudo. Oh, meu irmão, é tudo ou nada, não tem conversinha”, disse.

.Em nota, o GSI disse que não é sua competência “autorizar servidores para que participem de qualquer tipo de manifestação” e que “as supostas declarações demandadas são de responsabilidade do autor em atividade pessoal fora do expediente”. (Do DCM)

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A história do PT e o futuro da democracia e do Brasil


Michal Laub (Eu & FdS – Valor Econômico, 11/11/22) resenhou o livro de Celso Rocha de Barros.

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1.“O poder não se toma, se constrói.” A frase, muito ouvida em debates de intelectuais petistas nos anos 1980 e 1990, é citada num trecho de “PT, uma história”, do sociólogo Celso Rocha de Barros, que comecei a ler na semana anterior ao segundo turno (Companhia das Letras, 488 págs.).

Difícil não pensar nela depois da vitória de Lula, quando vimos uma espécie de apocalipse cognitivo em protestos nas estradas, nas cidades. Um grupo chora e canta para comemorar a suposta prisão de Alexandre de Moraes. Uma evangélica reza ao saber que foi decretado o Estado de Defesa. Nada disso teria chance de ocorrer num ambiente conservador quinze, talvez dez anos atrás – não com personagens usando essa linguagem, mostrando essa percepção da realidade.

Como surgiu o atual extremismo? Há explicações para todo gosto, indo do marxismo ortodoxo (que falará das crises econômicas, dos paradoxos do capitalismo tardio que criou a internet) ao tecnicismo psicologizante (para quem o vilão é apenas o WhatsApp ou o TikTok, com seus efeitos histéricos que independem de contexto).

O mais provável é que a resposta seja mista: há razões estruturais para a descrença nas instituições representativas, mas também certa aleatoriedade no ambiente onde ela se expressa – uma forma de comunicação inédita, que obedece a lógicas às vezes imprevistas até por quem projeta algoritmos e plataformas.

De um modo ou de outro, o resultado é um fato político incontornável: na clássica definição de Hannah Arendt, o debate público foi em boa parte sequestrado pela ralé – os refugos de diferentes classes que rejeitam a democracia, substituindo-a por uma utopia reacionária gerida por estímulos emocionais incessantes.

Para furar essa bolha o mero resultado econômico talvez não baste – até porque porcentagens em índices abstratos, como costumam ser os da área em épocas não tão miseráveis nem tão abundantes, dependem de narrativas que as embalem para o público leigo.

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2. Resta então o campo de batalha cultural, no sentido amplo do termo. É disso que fala o livro de Rocha de Barros, a partir de um levantamento minucioso de dados técnicos e informações conjunturais. Porque a história do PT, do início nos estertores da ditadura até os piores momentos entre 2013 e 2022, confunde-se com a formação da sociedade civil como a conhecemos na Nova República. Sem o trabalho miúdo de conscientização, que uniu setores como sindicatos, esquerda religiosa, movimentos sociais e classe média instruída, não haveria a mudança de condições para que um operário chegasse três vezes à presidência num país autoritário e injusto.

Para além das alianças táticas da política stricto sensu, a construção do poder nas democracias é – ou deveria ser – um processo orgânico, que se alimenta dos consensos possíveis na base. Rocha de Barros mostra como o PT conseguiu jogar esse jogo com acertos e erros, entre debates ricos e às vezes bizantinos sobre a própria identidade, mantendo-se atento a questões nascidas na vivência da militância, no contato com uma realidade distante dos gabinetes.

Foi assim que o partido conseguiu sobreviver ao mensalão, ao petrolão, à derrubada de Dilma e à prisão sem provas de Lula. Ou atraiu para si os movimentos de minorias que atualizaram o debate brasileiro. Com todos os desvios que pegou quando esteve no poder, deixando-se cooptar pelo pior do sistema político, houve sempre esse escape via “democracia por baixo”: a militância do partido nunca perdeu de vista o que era, ou chegou a ser um dia, na luta feita independentemente de estar ou não à frente do Estado.

Escrito com verve e honestidade, cheio de trechos curiosos e engraçados, “PT, uma história” defende a ideia – formulada como hipótese, confirmada com os primeiros

acenos pós-vitória nas urnas – de que o novo mandato será pautado por uma ironia: diante do esfacelamento do centro, que poderia servir de anteparo no processo, o partido não tem como evitar a aproximação com a direita e seus setores mais duros, incluindo aí as forças de segurança.

É o tipo de acordo recusado nos anos 1980, quando o desgaste de ser vidraça na transição do fim da ditadura ficou para o PMDB de Tancredo e Ulysses. No curto prazo de 2022, a “democracia por cima” é a saída para atravessar os tumultos fomentados por Bolsonaro. No longo, como manter a base mobilizada caso o PT vire um simulacro de PSDB, de PL?

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3. Um dos desafios da esquerda hoje é entender as mudanças no espaço público, no que se aprendeu a enxergar como sociedade civil. Quando trata do debate cidadania versus ascensão pelo consumo, por exemplo, Rocha de Barros acerta ao lembrar das conclusões de uma pesquisa das antropólogas Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Scalco: há um tipo de emancipação simbólica, e não apenas ganho material, quando os pobres conseguem comprar uma passagem aérea, frequentar lugares antes restritos a outras classes.

Só que a mesma sensação de pertencimento, agora por mecanismos perversos, é o combustível de quem nunca teve voz, nunca entendeu a complexidade do Estado de direito, mas passou a ter opiniões avalizadas por um oceano de likes. A ralé com um celular na mão tem o poder de abreviar os tempos da política, formando de modo imediato consensos que as antigas organizações de base levavam anos, décadas para alcançar.

Sem jogar esse novo jogo, usando o ambiente digital para enfrentar o bolsonarismo em seus próprios termos, a democracia seguirá dependendo do acaso para não sucumbir – na última eleição foi por apenas 2 milhões de votos, que podem ter sido decididos por memes envolvendo canibalismo e pedofilia. Politizar a cidadania, como defendem os críticos do modelo “picanha e cerveja”, também é entender a dinâmica de um debate que se deformou.

Claro que há riscos na manobra. O histrionismo de André Janones, que teve papel importante no triunfo de Lula, não deixa de ser uma adesão à mentalidade da ralé. Promovê-la acriticamente é abrir mão de uma identidade duramente constituída –

sem a qual, também é certo, o PT não teria derrotado a máquina de mentiras e dinheiro público acionada às vésperas do pleito.

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4. Há um equilíbrio difícil entre tática e estratégia, linguagem rebaixada das redes e o horizonte do que Gramsci chamava de “grande política”. Achá-lo é a tarefa prioritária não só do PT, mas de qualquer partido ou movimento democrático. Se apenas avanço educacional e material fossem antídotos contra o extremismo, não teríamos visto o que ocorreu em países como Inglaterra e Estados Unidos – ou em lugares como Santa Catarina e o interior de São Paulo.

Ao mesmo tempo, a democracia só vai sobreviver se dialogar com a vida concreta das pessoas. Por mais amplo que seja, um acordo também é qualificado por aquilo que permanece inegociável: por trás da espuma, da sujeira que respinga nos ombros de quem enfrentou e venceu a besta, há um imenso trabalho a fazer nas áreas onde um governo mostra a sua face verdadeira – da saúde às escolas, do combate à desigualdade ao cuidado com o meio ambiente.

Em vários trechos do seu livro, Rocha de Barros mostra que o PT poderia ter dado errado, e que muito na sua trajetória também foi fruto de sorte histórica. Mais de 40 anos depois da fundação do partido, torçamos para estar vivendo outro momento assim: a chance de unir por cima e por baixo as forças que salvarão o futuro. (Do Blog Cidadania & Cultura)

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