quinta-feira, 29 de junho de 2023

Jair Bolsonaro é recebido com gritos de “bandido” e “golpista” no Rio de Janeiro


Em meio ao julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em Brasília que analisa sua potencial inelegibilidade, o ex-presidente Jair Bolsonaro foi recebido com gritos no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro. 

Enquanto dava uma coletiva de imprensa, Bolsonaro foi interrompido por um manifestante que gritava “bandido” e “golpista”. O homem que gritou foi escoltado até a saída do aeroporto pelos seguranças do ex-presidente. 

O ex-presidente Jair Bolsonaro embarcou para o Rio de Janeiro sem agenda definida nesta quinta-feira (29/6).

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Carmen Lúcia e Alexandre de Moraes enquadram ministro do TSE que votou a favor do Bolsonaro


A ministra Cármen Lúcia, vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), interrompeu o voto de Raul Araújo no julgamento que deve sentenciar a inelegibilidade por 8 anos de Jair Bolsonaro, nesta quinta-feira (29), e deu um enquadro no ministro. 

Araújo, até o momento, foi o único ministro que votou contra a cassação dos direitos políticos de Bolsonaro, enquanto o relator Benedito Gonçalves e os ministros Floriano de Azevedo Marques e André Ramos Tavares votaram a favor, deixando o placar parcial em 3x1 pela inelegibilidade do ex-presidente. 

Ao sair em defesa de Bolsonaro na leitura de seu voto, Raul Araújo deu ênfase ao fato de que o ex-presidente, supostamente, não seria responsável pela minuta de um golpe de Estado encontrada na casa do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres. O ministro disse, ainda, que seria "impossível" condenar Bolsonaro com base na suposição de que ele seria responsável pela minuta. 

Acontece que, apesar do documento fazer parte do processo, ele não foi utilizado pelo relator para embasar seu voto, motivando a ministra Cármen Lúcia a dar um pito em seu colega de Corte. 

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“Não me pareceu que no voto do ministro relator houvesse nenhuma referência a que este documento, nem de autoria nem de responsabilidade do primeiro investigado (Bolsonaro). Eu quero só entender se Vossa Excelência está excluindo alguma coisa, mas sem pertinência com o que o relator teria dito (...) Eu, no meu voto, nem uso este dado”, disparou Cármen Lúcia. 



Isso porque o objeto principal da ação, que baseou o voto do ministro relator, é a reunião que Bolsonaro realizou com embaixadores estrangeiros em julho de 2022 atacando o sistema eleitoral brasileiro e colocando em xeque a segurança e credibilidade das urnas eletrônicas. 

Presidente do TSE, o ministro Alexandre de Moraes, então, interviu, endossando Cármen Lúcia em seu enquadro no ministro Raul Araújo. 

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“Acho importante, realmente, porque o longo voto do eminente relator se baseou na reunião. O fato de ter juntado essa minuta golpista em nada afetou, e também, ainda, não se apurou a responsabilidade disso”, declarou Moraes. 

O relator Benedito Gonçalves, por sua vez, completou a invertida contra o único ministro que votou favoravelmente a Bolsonaro. 

“Meu voto foi claro, explicando, primeiro: não está se apurando minuta. Foi um reflexo, que poderia ser minuta ou outra questão, da conclusão que eu tive do meu voto, dos efeitos do discurso feito do evento de 18, na reunião que se apura, no tocante à inverdade das urnas eletrônicas", pontuou o ministro. 

O julgamento foi suspenso e será retomado nesta sexta-feira (30), às 12h, com o voto de Cármen Lúcia. Se a ministra votar contra Bolsonaro, estará formada a maioria e o ex-presidente será automaticamente declarado inelegível. 

Veja o momento em que Raul Araújo é enquadrado pelos ministros

O ministro Alexandre de Moraes almoça o Jair Bolsonaro no TSE


Colegas de Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) acreditam que ele vai “almoçar” Jair Bolsonaro em seu voto. Presidente da corte, ele suspendeu o julgamento nesta quinta (29) e marcou a retomada do caso para esta sexta (30), ao meio-dia. A informação é da coluna de Carolina Brígido no UOL.

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Atacado diversas vezes pelo ex-presidente durante seu mandato, Moraes é um dos três ministros que votam nesta sexta. Além dele, Carmen Lúcia e Kassio Nunes Marques também se manifestam na próxima sessão e basta um parecer desfavorável para que Bolsonaro se torne inelegível por oito anos.

O magistrado deve usar seu voto como uma resposta aos ataques recebidos durante os quatro anos de governo e será contundente em seu posicionamento.

Até o momento, três ministros e o relator, Benedito Gonçalves, votaram no caso. O placar é de três a um contra o ex-presidente, com dissidência apenas de Raul Araújo, que alegou que o discurso na ocasião foi “normal” e “surtiu pouco efeito no eleitorado”.

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Os outros magistrados, Floriano Marques e André Ramos Tavares seguiram o relator e argumentaram que houve abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação oficiais durante reunião com embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada, em julho de 2022.

Aliados e correligionários de Bolsonaro já acreditam que ele ficará inelegível. Parlamentares bolsonaristas temem um “efeito dominó” após o julgamento do TSE e o PL, partido do ex-presidente, já começa a redefinir os planos para as próximas eleições e temem que ele “jogue a toalha”.

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quarta-feira, 28 de junho de 2023

O censo do IBGE de 2022 aponta que a população do Brasil atualmente é de 203.062.512


A população brasileira totalizava 203.062.512 pessoas em 31 de julho do ano passado, segundo os dados do Censo Demográfico 2022, divulgados nesta quarta-feira, 28, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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Apesar de uma forte perda de fôlego no ritmo de crescimento populacional, o resultado significa um aumento de 6,5% em relação aos 190,8 milhões de habitantes contados no Censo anterior, realizado em 2010, o equivalente a 12,307 milhões de pessoas a mais em pouco mais de uma década.

O montante ficou significativamente aquém das estimativas preliminares entregues pelo IBGE ao Tribunal de Contas da União (TCU), em 28 de dezembro do ano passado, quando o instituto informou a existência de 207.750.291 pessoas no Brasil, população calculada já com base em dados preliminares coletados pelo Censo 2022. O número de habitantes do País é usado no cálculo do rateio do Fundo de Participação dos Municípios, além de determinar o tamanho das representações políticas, como a quantidade de vereadores e de deputados federais e estaduais, entre outras finalidades, frisa o IBGE.



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Segundo o instituto, ainda não foi possível mensurar se a perda de vidas para a covid-19, que superou 700 mil mortes confirmadas pela doença no Brasil, afetou significativamente o crescimento populacional no País. Os dados ainda estão sendo analisados por técnicos do IBGE, informou o presidente interino do instituto, Cimar Azeredo. A queda na taxa de fecundidade, que mede o número de filhos nascidos vivos por mulher em idade reprodutiva, já vinha desacelerando o aumento da população brasileira, lembrou o instituto.

De 2010 a 2022, a taxa média de crescimento anual da população do País foi de 0,52%, a mais baixa já vista desde que o primeiro Censo foi conduzido no Brasil, em 1872. Entre 2000 e 2010, a taxa média de crescimento populacional anual era de 1,17%, mais que o dobro da atual.

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“A população brasileira apresentou, até a década de 1940, altos níveis de fecundidade e mortalidade. Com o início do processo de redução dos níveis da mortalidade, a partir de meados dos anos 1940, e a manutenção dos altos níveis de fecundidade vigentes à época, o ritmo do crescimento populacional aumentou e apresentou seu maior pico na década de 1950, com uma taxa média de crescimento anual de 2,99%. No começo dos anos 1960, inicia-se lentamente o declínio dos níveis de fecundidade, e, a partir de 1970, já é possível verificar, por meio dos dados dos Censos Demográficos, a redução do crescimento populacional”, justificou o IBGE, na publicação.

Atualmente, a população cresce a uma velocidade maior no Centro-Oeste, com taxa anual de incremento populacional de 1,23%, ultrapassando assim a do Norte, que liderava o crescimento da população até o Censo anterior, mas teve essa velocidade de reduzida a 0,75%. No Sul, a taxa de crescimento populacional anual foi de 0,74%; no Sudeste, de 0,45%; e no Nordeste, de 0,24%.

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Em todas as grandes regiões do País houve redução no ritmo anual de incremento da população em relação ao Censo anterior, de 2010.

“É uma tendência, se essa tendência se acelerou a gente vai entender isso daqui a pouquinho, com as análises que serão feitas”, apontou Azeredo, acrescentando que a coleta do Censo em campo terminou no último dia 28 de maio, e que os demógrafos do instituto já estão debruçados sobre as informações obtidas, mas precisam de mais tempo para fazer as análises necessárias. “Esse é o resultado da população definitiva do Censo. A gente tem que tomar cuidado com relação a conjecturar. Acho que a gente tem que esperar o trabalho que os demógrafos estão fazendo, com certeza já estão se debruçando.”

Distribuição regional

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A região Sudeste detinha 84,8 milhões de moradores, 41,8% da população do País. O Centro-Oeste é a região menos populosa, com 16,3 milhões de habitantes, 8,0% da população brasileira. O Norte concentrava 8,5% dos brasileiros, 17,3 milhões; o Sul, 14,7%, com 29,9 milhões; e o Nordeste, 26,9%, com 54,6 milhões.

“A distribuição da população por região geográfica praticamente se mantém estável (em relação ao Censo 2010)”, apontou o coordenador técnico do Censo, Luciano Duarte. “Só o Estado de São Paulo representa um quinto da população do País”, acrescentou.

Os três Estados mais populosos somavam juntos quase 40% dos brasileiros: São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. São Paulo tinha 44,420 milhões de habitantes, 21,88% de toda a população do Brasil; Minas Gerais detinha 20,539 milhões de pessoas, 10,11% da população; e Rio de Janeiro, 16,055 milhões, 7,91% da população.

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terça-feira, 27 de junho de 2023

Ministério Público Federal pede à Justiça a pede cassação da concessão da Jovem Pan


O Ministério Público Federal (MPF) ajuizou uma ação civil pública pedindo o cancelamento das três outorgas de radiodifusão concedidas à Jovem Pan. A requisição se deve ao alinhamento da emissora à campanha de desinformação que se instalou no país ao longo de 2022 até o início deste ano, com veiculação sistemática, em sua programação, de conteúdos que atentaram contra o regime democrático. O MPF destaca que as condutas praticadas pela Jovem Pan violaram diretamente a Constituição e a legislação que trata do serviço público de transmissão em rádio e TV. Além do cancelamento das outorgas de rádio, o MPF pede que a Jovem Pan seja condenada ao pagamento de R$ 13,4 milhões como indenização por danos morais coletivos. O valor corresponde a 10% dos ativos da emissora apresentados em seu último balanço. Também para reparar os prejuízos da programação à sociedade, o Ministério Público pleiteia que a Justiça Federal obrigue a Jovem Pan a veicular, ao menos 15 vezes por dia entre as 6h e as 21h durante quatro meses, mensagens com informações oficiais sobre a confiabilidade do processo eleitoral. As inserções devem ter de dois a três minutos de duração e trazer dados a serem reunidos pela União, também ré no processo.


A severidade das medidas pleiteadas se justifica pela gravidade da conduta da emissora. A Jovem Pan disseminou reiteradamente conteúdos que desacreditaram, sem provas, o processo eleitoral de 2022, atacaram autoridades e instituições da República, incitaram a desobediência a leis e decisões judiciais, defenderam a intervenção das Forças Armadas sobre os Poderes civis constituídos e incentivaram a população a subverter a ordem política e social.

Com as informações falsas e sem fundamento que veiculou de maneira insistente, a Jovem Pan contribuiu para que um enorme número de pessoas duvidasse da idoneidade do processo eleitoral ou tomasse ações diretas como as vistas após o anúncio do resultado da votação, especialmente o bloqueio de estradas em novembro passado e o ataque de vandalismo em Brasília no dia 8 de janeiro. As outorgas de rádio da emissora estão em operação em São Paulo e Brasília, mas a rede conta com mais de cem afiliadas que retransmitem o sinal a centenas de municípios em 19 estados, alcançando milhões de ouvintes.


Exemplos - Para embasar a ação, o MPF realizou uma análise criteriosa do vasto conteúdo produzido e transmitido pela Jovem Pan entre 1º de janeiro de 2022 e 8 de janeiro deste ano, com foco nos programas “Os Pingos nos Is”, “3 em 1”, “Morning Show” e “Linha de Frente”. A ação cita numerosos exemplos de discursos que extrapolam as liberdades de expressão e de radiodifusão e configuram manifestações ilícitas, feitas por mais de 20 comentaristas durante o período. Todas convergiram para a defesa das mesmas teses, que, por isso, podem ser identificadas com a linha editorial da emissora.

As falas que desinformavam sobre o sistema eletrônico de votação começaram a permear a programação muito antes do início oficial da campanha eleitoral. Desde os primeiros meses de 2022, comentaristas alegavam reiteradamente que as urnas não seriam seguras e sustentavam uma suposta impossibilidade de auditagem dos aparelhos e um alegado conluio entre autoridades para definir o resultado da eleição. Sem qualquer fundamento técnico ou conhecimento jurídico sobre a questão, os integrantes da emissora mantiveram a defesa dessa ideia até mesmo quando o próprio Ministério da Defesa produziu um relatório concluindo pela inexistência de falhas ou inconsistências nas urnas, em novembro.


Segundo os comentários veiculados na emissora, somente o sistema de voto impresso poderia garantir a lisura das eleições. As urnas eletrônicas, porém, são submetidas periodicamente a testes e auditorias que nunca indicaram brechas para fraudes. Ao manter sistematicamente as opiniões infundadas, a Jovem Pan induzia seus ouvintes a duvidarem da integridade das eleições daquele ano, com frases como “deixar tudo nas mãos do TSE, sem questionamento, é suicídio eleitoral”, “tudo já se configura, por si só, uma espécie de golpe brando” e “eu acredito que esse relatório [de novembro] não deslegitimou a eleição, mas também não avalizou o processo eleitoral”.

O MPF apurou ainda que, recorrentemente, as falas graves eram direcionadas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), inclusive contra seus ministros. Os comentaristas chegaram a usar palavras como “entrave” e “câncer” para caracterizar as cortes e defendiam com frequência que o Senado abrisse processo de impeachment contra seus membros, especialmente Alexandre de Moraes. A partir disso, o presidente da casa, Rodrigo Pacheco, também passou a ser alvo das investidas e apontado como “omisso”, como se houvesse um conluio entre autoridades da República em desfavor da sociedade. Em dado momento, comentaristas da emissora acusaram, sem nenhuma prova, um ministro do STF de mandar instalar uma escuta ilegal na tornozeleira de um investigado, para ouvir clandestinamente suas conversas.

A gravidade desses discursos foi escalando ao longo do período. As acusações infundadas de omissão de autoridades e manipulação do processo eleitoral desaguaram na tese de que as Forças Armadas deveriam intervir sobre os Poderes da República. Comentaristas leigos e sem conhecimento jurídico trataram, com recorrência e como obviamente correta, uma interpretação altamente questionável da Constituição, defendendo que uma intervenção militar seria legítima naquele momento para “restabelecer a ordem” que vinham dizendo estar em risco. As opiniões sobre o tema transitaram por elogios à ditadura militar, defesa de atos violentos e alegada falta de autoridade do STF. “Se as Forças Armadas estiverem dispostas a agir, o que o STF decide é absolutamente irrelevante” e “se vocês [Forças Armadas] vão defender a pátria, e vai haver reação de vagabundo, ué, passa o cerol, pô! Vocês são treinados pra isso” são apenas alguns dos exemplos.

O discurso alinhado entre os comentaristas, em defesa de uma ruptura institucional, incluiu também várias manifestações incitando a desobediência, pela população, de ordens judiciais supostamente ilegais e até mesmo a insubordinação de policiais, para que deixassem de cumpri-las quando incumbidos disso. As teses defendidas na emissora procuravam ainda legitimar atos de grupos radicalizados que, após as eleições, pediam intervenção militar e outras inconstitucionalidades e propuseram até mesmo uma “guerra civil” como alternativa ao alegado impasse institucional. Um dos comentaristas chegou a dizer, logo após a conclusão do segundo turno, que “ou a gente aceita uma eleição sem transparência, sem legitimidade, sem confiança da população, ou a gente aceita tudo isso, e abaixa a cabeça, ou a gente vai ter guerra civil”, para concluir em seguida: “então que tenha guerra civil, pô!”.

O mesmo comentarista disse na ocasião: “As Forças Armadas estão conscientes do momento que estamos vivendo. Agora, elas só agem provocadas por um dos Poderes. Então, nesse ponto, o novo endereço, para o povo que quer se manifestar não é mais os quartéis, o novo endereço é a Praça dos Três Poderes”. Foi o que se viu em 8 de janeiro deste ano, quando vândalos deixaram o acampamento diante do Exército em Brasília e, acompanhados de outras pessoas que chegavam à capital federal de diversas regiões do país, marcharam em direção à praça e depredaram as sedes do STF, do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto.

Naquele dia, a cobertura da emissora tratou com normalidade a chegada dos manifestantes ao local, elogiou o ato até então pacífico e aproveitou para tecer mais críticas ao Judiciário e ao processo eleitoral. Após o início dos ataques aos prédios, o discurso dos comentaristas passou a ser mais moderado, mas ainda assim com tentativa de legitimação das ações golpistas. Segundo um dos comentaristas, “o responsável por essa situação não vai ser encontrado entre os manifestantes. Os responsáveis por essa situação são exatamente os atores políticos que se ausentaram das providências que esses manifestantes em Brasília [e] em todas as unidades da federação têm se manifestado há vários dias”. Outras declarações na sequência endossaram essa tese.

“A cobertura feita pela emissora no dia 08/01/2023 é reveladora, porque passagens como as acima transcritas são representativas de discursos disseminados por pelo menos um ano, e que não arrefeceram totalmente nem mesmo quando o Brasil assistia ao mais grave evento da história da redemocratização”, ressaltaram os procuradores da República autores da ação do MPF, integrantes da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão em São Paulo.

Inconstitucional e ilegal - Embora a emissora mantenha a veiculação de sua programação também no YouTube e em um canal de TV por assinatura, a ação do MPF trata do cancelamento apenas das outorgas de rádio pelo fato de a radiodifusão constituir um serviço público, concedido ou permitido pela União a particulares interessados em explorá-lo. Tanto a Constituição quanto a legislação específica sobre o assunto trazem parâmetros para essa exploração, estabelecendo limites ao conteúdo veiculado por radiodifusão, com vista à preservação dos interesses da coletividade.

A Constituição fixa em seu artigo 221 que as empresas devem dar preferência a finalidades  educativas, artísticas, culturais e informativas e respeitar os valores éticos e sociais da pessoa, entre os quais estão inclusos os direitos fundamentais dos cidadãos. O Código Brasileiro de Telecomunicações (Lei 4.117/1962) vai no mesmo sentido e detalha, no artigo 53, as ações que constituem abuso no exercício da liberdade de radiodifusão. Entre as condutas, estão várias das praticadas pela Jovem Pan, como incentivar a desobediência, veicular notícias falsas com perigo para a ordem pública, econômica e social e insuflar a rebeldia ou a indisciplina nas Forças Armadas. Todas podem motivar o fim das outorgas, conforme a legislação.

“Esta ação, portanto, não se volta contra discursos que legitimamente fazem parte ordinária dos dissensos políticos e ideológicos de sociedades plurais, mas sim busca a devida responsabilização de quem, praticando graves atos ilegais, abusou de outorgas de serviço público e desvirtuou os princípios e as finalidades sociais que lhes dão lastro”, frisaram os autores dos pedidos do MPF.

Além das condenações requeridas para a Jovem Pan, o MPF pede que a União seja obrigada a providenciar e fiscalizar a inserção das informações oficiais sobre o processo eleitoral na emissora. Mais que isso, o Ministério Público quer que a Justiça Federal estabeleça o dever da União de inspecionar de forma contínua e eventualmente punir outras detentoras de outorga de radiodifusão que, na qualidade formal de afiliadas ou não, venham a transmitir conteúdos produzidos pela Jovem Pan.

Por fim, para garantir a preservação das provas, o MPF requer que a emissora seja proibida de apagar conteúdos de seu canal no YouTube. Em relação ao Google, o Ministério Público pede que a Justiça determine à empresa a disponibilização, em nuvem, de um link contendo a íntegra de todos os vídeos que a Jovem Pan publicou na plataforma no período compreendido na ação, com organização em pastas e dados sobre o número de visualizações, já que o conteúdo que a emissora disponibiliza no YouTube é, via de regra, o mesmo veiculado em suas transmissões de rádio.

Recomendação - Além da ação civil pública, o MPF expediu uma recomendação à Controladoria-Geral da União (CGU) para que ela instaure um processo administrativo que pode impedir a Jovem Pan de celebrar contratos com a Administração Pública federal. O pedido se baseia no parecer nº 00001/2023/CONSUNIAO/CGU/AGU, aprovado pela Advocacia-Geral da União logo após os ataques de 8 de janeiro e com força vinculante. A norma considera que empresas envolvidas em atos antidemocráticos devem ser consideradas inidôneas para contratar com o Poder Público.

Os atos praticados pela Jovem Pan, a princípio, são uma forma de envolvimento em episódios dessa natureza, por terem estimulado a desobediência da legislação e de decisões judiciais, a intervenção das Forças Armadas e movimentos de desordem pública. Por isso, o MPF recomenda que a CGU, em 30 dias, avalie o caso, à luz do parecer, e eventualmente abra um processo administrativo que pode levar à declaração de inidoneidade da emissora. Caso a CGU não acolha a recomendação, o tema poderá ser incluído como uma das pretensões da ação civil pública ajuizada. 

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segunda-feira, 26 de junho de 2023

Para juristas, a maior das ameaças para o Brasil, o ex-presidente Jair Bolsonaro, é coisa do passado


Desde as primeiras horas da manhã, nos arredores da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, numa zona arborizada da capital portuguesa, que vive os primeiros dias de um tórrido verão com temperaturas beirando (ou ultrapassando) os 40°C, o papo nas rodinhas de conversa era em tom de euforia. Evento mais importante do Direito no mundo da lusofonia, o Fórum Jurídico de Lisboa, que este ano está em sua 11ª edição, trouxe ministros do STF, do STJ, advogados ilustres e outras autoridades para tratar do tema “Governança e Constitucionalismo Digital”, ainda que na prática o mote tenha sido os desafios para se manter saudáveis os regimes democráticos constitucionais no Ocidente, em face da escalada autoritária da extrema direita.

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Naturalmente, a maior das ameaças para o Brasil é o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que viu sua tentativa de se converter num autocrata ser frustrada por uma derrota apertada nas urnas para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em outubro do ano passado, mesmo com sua matilha de extremistas ensandecidos tentando iniciar um golpe de Estado em 8 de janeiro, o que também não deu certo.

André Mendonça, o ministro “terrivelmente evangélico” indicado por Bolsonaro para o Supremo, entre sorrisos desajeitados e cumprimentos discretos, parecia até “feliz” e sem o peso de precisar ficar pautando um discurso reacionário para agradar o “chefe”. O mesmo pode se dizer do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que todo faceiro “brindou a democracia”, argumentando que “temos um guardião da Constituição que tem funcionado muito bem”, rasgando-se em elogios à corte mais alta do Judiciário brasileiro.

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Flávio Dino, o ministro da Justiça que tem encampado uma verdadeira luta para aniquilar os focos de terrorismo da extrema direita, sem citar nomes, deixou claro que o Brasil agora mergulha em “tempos de normalidade”, tendência seguida por outros participantes do encontro, como acadêmicos de várias universidades portuguesas e brasileiras. Sobre não citar o nome de Bolsonaro, essa foi uma prática de generalizada. Ninguém pronunciou as quatro sílabas de seu sobrenome.

O que se sentia no ar era uma necessidade de celebrar o fim das monstruosidades anticivilizacionais levadas a cabo pelo ex-presidente, mesmo sem mencioná-lo. O 11° Fórum Jurídico de Lisboa, organizado pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e organizado pelo Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, serviu como convescote semioficial para que o Brasil deixe no passado as insanidades que vigoraram por quatro anos, e voltar a ser reconhecido, celebrado e cortejado pelo mundo civilizado, jogando no fundo de uma gaveta o obscurantismo tosco, autoritário e violento que tentou se perpetuar e aniquilar nossa democracia.

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domingo, 25 de junho de 2023

Saiba quem é o jornalista da Rede TV! acusado por William Bonner de inventar mentiras em busca de cliques


Apresentador do Jornal Nacional, William Bonner mostrou-se indignado em uma publicação feita nas redes sociais neste sábado (24) para rebater o que classificou como "a mentira de que a Globo estaria festejando minha inexistente desistência de aposentadoria".

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No texto, Bonner mira o "inventor das mentiras", dizendo ser alvo recorrente de um jornalista que propagaria informações falsas para proporcionar "clique$ para diversos sites". No entanto, o apresentador do JN, que também anunciou as férias, não citou o nome do jornalista.

O alvo das críticas de Bonner é Alessandro Lo-Bianco, que divulgou a informação em seu quadro no programa "A Tarde É Sua", da Rede TV!.

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Lo-Bianco também mantém um site no portal iG de "conteúdos exclusivos sobre famosos", em que propaga informações polêmicas sobre celebridades.

No entanto, em março deste ano, Lo-Bianco foi protagonista de uma dessas polêmicas ao ser denunciado pelo também pelo jornalista Juan Filder, que era seu companheiro, por relacionamento abusivo e cárcere privado. 

Em nota divulgada nas redes sociais à por meio de sua assessoria, Lobianco diz que ele e "seu ex-companheiro tiveram um desentendimento e o atrito foi exposto em uma rede social".

Ironia a Bonner

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Após ser criticado por Bonner, Lo-Bianco também foi às redes sociais e ironizou o apresentador do JN ao falar da semana com "muitos assuntos que tocam no bolso e despertam muita repercussão e comentários".

"Para o caso de surgir alguma nova onda de desmentidos que, por alguma forma sentiram-se constrangidos pelas informações vazadas, informo que minhas férias serão somente em dezembro, e até lá bombas e mais bombas de inteira credibilidade. Quem me acompanha sabe como funciona: finge que engana e a gente finge que acredita", ironizou Lo-Bianco.

Em sua publicação, Bonner avisou os seguidores sobre boatos que possam surgir em razão de seu "sumiço do JN" pelas próximas semanas.

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"Para o caso de surgir alguma nova onda durante meu sumiço do JN, informo que estou entrando em férias por 3 semanas".

Carro usado em tentativa de atentado a bomba em aeroporto de Brasília é encontrado com militar no Paraná


O carro envolvido na tentativa de ataque a bomba ao aeroporto do Distrito Federal, ocorrida em 24 de dezembro de 2022, foi localizado algumas semanas depois no estado do Paraná. O veículo estava na posse do Sargento Paulo Leandro Galdo Rodrigues, um militar em serviço ativo e suplente de deputado distrital do Distrito Federal.

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A Polícia Civil do Distrito Federal concluiu que o blogueiro de extrema-direita Wellington Macedo de Souza havia utilizado um Hyundai Creta para circular ao redor do aeroporto durante toda a madrugada daquele dia, com a intenção de detonar um caminhão de combustível.

A investigação está detalhada em relatórios preliminares da Polícia Civil entregues à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) em 8 de janeiro. O veículo, que pertence à parceira de Wellington, Andressa Aguiar da Silva Macedo, deixou Brasília em 9 de janeiro, um dia após as ações golpistas.


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O carro foi interceptado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Ubiratã, no Paraná, localizada a 1.345 km de Brasília, três dias depois, em 12 de janeiro. O sargento Paulo é um militar ativo da Marinha, e, em 2022, foi eleito suplente de deputado distrital pelo partido Republicanos.

Paulo se recusa a responder a qualquer pergunta, alegando já ter prestado depoimento à Polícia Civil, onde explicou a situação. “Eu estava de férias, em um passeio”, disse. Ele se recusou a comentar se havia deixado Brasília acompanhado ou se mantinha uma relação amigável com Wellington, que está atualmente foragido das autoridades.

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