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Os dados foram levantados pela Torabit, plataforma de monitoramento digital, a pedido do Uol.
O levantamento foi feito entre 25 de julho e 25 de agosto e levou em conta os 137 maiores perfis evangélicos, divididos em quatro categorias: cantores, pastores, políticos e influenciadores.
A análise considerou 1.187.460 menções feitas por eles e sobre eles nas redes.
A eleição é o assunto dominante nos perfis, seguida dos agradecimentos de seguidores que afirmam terem mudado seus hábitos de vida por influência das personalidades religiosas.
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Apesar do alto engajamento, menos da metade das interações com os perfis evangélicos nas redes são positivas:
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Nas quatro redes monitoradas, os perfis dos pastores são mais populares do que os perfis classificados como influenciadores. De todas as menções feitas pelos usuários das plataformas, 51,4% são referentes a pastores, 35,7% a políticos, 8,1% a cantores e 4,9% sobre influenciadores.
A maioria das menções em torno dos influenciadores evangélicos é produzida por homens; 56,3%.
Os 10 maiores perfis de influência evangélica (entre as quatro categorias) são:
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Bolsonaro e os evangélicos
Os influenciadores evangélicos têm mais força nas redes do que líderes religiosos das comunidades dos usuários, diz Magali Cunha, doutora em Ciências da Comunicação e pesquisadora do Iser (Instituto de Estudos da Religião). Eles reforçam a ligação entre o discurso religioso e o político. “Esses influenciadores trabalham muito com a imagem do presidente: essa questão do homem evangélico, da esposa evangélica, e, acima de tudo, o pânico moral”, afirma.
Primeiros passos
Para Cunha, a aproximação do presidente com o público evangélico começou e 2013, quando o deputado federal Marco Feliciano, então do PSC (Partido Social Cristão), se tornou presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados.
“Bolsonaro, como suplente da comissão, se coloca ali na defesa de Marco Feliciano [que foi alvo de muitas críticas] e até usa a expressão ‘sou um soldado de Feliciano”. -Magali Cunha.
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Rixas
Para a pesquisadora, a demonização dos adversários também é fundamental para a aproximação de Jair Bolsonaro com o seu eleitorado evangélico. “No passado, esses inimigos eram colocados assim de uma forma muito genérica mas recentemente, no uso da religião na política, nessa instrumentalização, os inimigos ganham nome. São as esquerdas, são os comunistas, é o PT -aí é o Lula, é a Dilma”.
Segundo Guilherme Damasceno, pedagogo e mestrando em Teologia na PUC-SP, o apelo emocional do discurso de Bolsonaro cativa os evangélicos. “Bolsonaro, apesar de ser conhecido pelos desagravos nos seus discursos, consegue captar o sentimento (…) Ele consegue também ter uma linguagem ritualística que agrada o segmento evangélico indo aos cultos, desde os pentecostais aos mais tradicionais, que são as figuras dos ministros dele”, diz.
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Mobilização
Para Damasceno, Bolsonaro tem a habilidade de mobilizar as redes sociais: “Ele compreende muito bem como se comunicar com o seu público. Não é uma linguagem estética agradável, mas que o conecta com o povão e, em especial, os evangélicos”.
Cunha acrescenta que a presença online desses grupos cresceu bastante na pandemia de covid-19, principalmente no WhatsApp. “O WhatsApp é uma nova forma de ir à igreja”, afirma.
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Fake news
A propagação da desinformação pelos apoiadores evangélicos do presidente apresenta uma contradição entre a religião e a política, segundo Damasceno.
“Teoricamente a fé evangélica deveria combater a mentira, porque no evangelho é muito claro que pai da mentira seria o diabo”. -Guilherme Damasceno
Bolsonaro vive falando ‘conhecereis a verdade e a verdade vos libertará’, que é um versículo bíblico. Então, supostamente, tudo que ele diz é verdade”, diz o pesquisador.
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Fortalecimento da relação
A partir da década de 1990, houve a ascensão do segmento evangélico no Brasil, com maior visibilidade nas mídias. “O segmento evangélico sempre utilizou os veículos de comunicação de massa, primeiro as rádios, depois a televisão e a internet para evangelização. Isso já com maestria”, diz Damasceno.
A ligação desse grupo com o Bolsonaro se fortaleceu nas eleições de 2018.
Um grupo já com potencial de compartilhamento de ideais agora segue sua tendência, mas com uma opinião política”. -Guilherme Damasceno.
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‘Campo de batalha’
Damasceno aponta que há proximidade entre a estrutura de poder das igrejas e a forma de pensar de Bolsonaro, com seu discurso centralizador. “Elas [igrejas] têm um sistema de governo que é semelhante a uma monarquia. Onde os seus líderes são vitalícios e eles mandam e desmandam em suas igrejas. Bolsonaro tem uma figura semelhante nos seus discursos ditatoriais de golpismo”, acrescenta.
Além disso, o discurso político do presidente alcança diretamente os fiéis, o que lhe dá vantagem em relação aos opositores. “Fica uma luta muito desigual. Enquanto as pessoas que são contra o Bolsonaro não fazem discursos partidários nas igrejas, aqueles que são favoráveis fazem discursos de apologia a ele e influenciam o povo”.
O teólogo defende que Bolsonaro provocou um encantamento e tornou-se uma figura profética para este público. Ele afirma que, entre os evangélicos, o presidente se compara a Sansão, personagem bíblico dotado de uma força sobre-humana que salvou Israel do poder dos filisteus.
Anticomunismo de Bolsonaro mira em religião
Durante as eleições de 2018 e novamente em 2022, Bolsonaro ataca a oposição principalmente com discurso anticomunista. “Seu discurso contra o comunismo é, na verdade, a favor da liberdade religiosa e mais do que isso: da supremacia cristã, da fé cristã e da cultura cristã com relação às outras religiões”.
Para ele, a aproximação de Bolsonaro com o setor evangélico foi consequência de uma adaptação política, como contraponto aos setores mais progressistas “desde Fernando Henrique Cardoso e também passando pelo governo Lula e Dilma”.
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