Fake news

A propagação da desinformação pelos apoiadores evangélicos do presidente apresenta uma contradição entre a religião e a política, segundo Damasceno.

“Teoricamente a fé evangélica deveria combater a mentira, porque no evangelho é muito claro que pai da mentira seria o diabo”. -Guilherme Damasceno

Bolsonaro vive falando ‘conhecereis a verdade e a verdade vos libertará’, que é um versículo bíblico. Então, supostamente, tudo que ele diz é verdade”, diz o pesquisador.

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Fortalecimento da relação

A partir da década de 1990, houve a ascensão do segmento evangélico no Brasil, com maior visibilidade nas mídias. “O segmento evangélico sempre utilizou os veículos de comunicação de massa, primeiro as rádios, depois a televisão e a internet para evangelização. Isso já com maestria”, diz Damasceno.

A ligação desse grupo com o Bolsonaro se fortaleceu nas eleições de 2018.

Um grupo já com potencial de compartilhamento de ideais agora segue sua tendência, mas com uma opinião política”. -Guilherme Damasceno.

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‘Campo de batalha’

Damasceno aponta que há proximidade entre a estrutura de poder das igrejas e a forma de pensar de Bolsonaro, com seu discurso centralizador. “Elas [igrejas] têm um sistema de governo que é semelhante a uma monarquia. Onde os seus líderes são vitalícios e eles mandam e desmandam em suas igrejas. Bolsonaro tem uma figura semelhante nos seus discursos ditatoriais de golpismo”, acrescenta.

Além disso, o discurso político do presidente alcança diretamente os fiéis, o que lhe dá vantagem em relação aos opositores. “Fica uma luta muito desigual. Enquanto as pessoas que são contra o Bolsonaro não fazem discursos partidários nas igrejas, aqueles que são favoráveis fazem discursos de apologia a ele e influenciam o povo”.

O teólogo defende que Bolsonaro provocou um encantamento e tornou-se uma figura profética para este público. Ele afirma que, entre os evangélicos, o presidente se compara a Sansão, personagem bíblico dotado de uma força sobre-humana que salvou Israel do poder dos filisteus.

Anticomunismo de Bolsonaro mira em religião

Durante as eleições de 2018 e novamente em 2022, Bolsonaro ataca a oposição principalmente com discurso anticomunista. “Seu discurso contra o comunismo é, na verdade, a favor da liberdade religiosa e mais do que isso: da supremacia cristã, da fé cristã e da cultura cristã com relação às outras religiões”.

Para ele, a aproximação de Bolsonaro com o setor evangélico foi consequência de uma adaptação política, como contraponto aos setores mais progressistas “desde Fernando Henrique Cardoso e também passando pelo governo Lula e Dilma”.

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