sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

O indicado para a Secretaria de Segurança em SP já afirmou que policial bom tem que ter pelo menos 3 homicídios no currículo

 


Do G1

Guilherme Muraro Derrite, de 38 anos, deputado federal que foi confirmado pelo governador eleito Tarcísio de Freitas (Republicanos) como o novo secretário da Segurança Pública de São Paulo, a partir de 2023, já defendeu que é "vergonhoso" para um policial não ter ao menos "três ocorrências" por homicídio no currículo.

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No áudio, veiculado em uma rede social, Derrite respondia sobre a transferência do tenente Rafael Telhada das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) para o 2º Batalhão do Choque da Polícia Militar (PM) e criticava as ações da polícia para reduzir a letalidade durante ocorrências. Ele chegou a ser detido pela Corregedoria da corporação por causa da gravação, de acordo com a reportagem. Esse caso chegou a ser arquivado depois pela Justiça militar, no entanto.


O futuro secretário chegou a ser condenado pela Justiça comum a pagar R$ 20 mil de indenização por dano moral à família de um homem morto pela PM, em 24 de fevereiro de 2020 em Osasco, na Grande São Paulo. Derrite postou que a vítima era criminosa e que iria usar "fantasia do capeta", mas na verdade era um encanador que tinha ido comprar leite e foi morto acidentalmente pela polícia (saiba mais abaixo).

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Derrite é ex-policial militar com passagem pelas Rota da PM e com forte ligação com a família do presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele participou ativamente da campanha pela reeleição do presidente e o acompanhou em diversas agendas. Ele é formado em direito e oficial da reserva da PM. Assumirá a pasta da Segurança sem ter chegado ao topo da carreira, diferente de seus últimos antecessores, como, por exemplo, o atual secretário, general João Camilo Pires de Campos.

Post sobre ida de Bolsonaro e Derrite a São Paulo — Foto: Reprodução

Post sobre ida de Bolsonaro e Derrite a São Paulo — Foto: Reprodução

O deputado nasceu em Sorocaba, no interior paulista, e começou a carreira como militar no ano de 2003. Ele se tornou 1º Tenente da PM em 2010, quando assumiu o comando da Rota e ficou até 2013. Derrite também fez parte do Corpo de Bombeiros e foi eleito deputado federal pelo Partido Progressista (PP) no ano de 2018.

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Em 5 de junho de 2020, Derrite postou em seu Twitter o trecho de um vídeo no qual explicava em entrevista à Joven Pan o motivo de sua saída forçada da Rota antes de ser realocado nos Bombeiros.


"Eu saí por que eu não brincava em serviço. Eu quando eu trabalhava na Rota eu pra rua pra trabalhar, pra defender a população. Eu fui transferido de maneira covarde do batalhão da Rota porque eu tive várias ocorrências com resultado, com troca de tiro. Infelizmente, a política à época do governo do PSDB que me tirou do serviço operacional. Eu dediquei minha vida à Polícia Militar, ao batalhão da Rota... eu enfrentei o crime organizado, enfrentei o PCC [a facção criminosa Primeiro Comando da Capital], eu não fugi do confronto. Eu me arrisquei na vida inúmeras vezes, troquei tiros inúmeras vezes com criminosos e o reconhecimento que eu tive foi a transferência. Não guardo mágoas de ninguém. Eu fui tirado das ruas por ser um bom policial e defender a população", comentou Derrite.

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Derrite aparece como um dos policiais militares "declarantes" em dois processos por homicídio simples na Justiça comum em Osasco, nos anos de 2008 e 2009, e em outro de 2011, na capital paulista. No total, aparecem os nomes de sete vítimas. A reportagem não conseguiu checar o que aconteceu com o processo de 2008. O de 2009 continuava em aberto. E o de 2011 foi arquivado.


Em março de 2022, Derrite migrou para o partido de Bolsonaro, o PL e foi reeleito deputado federal.


Derrite é coautor do Projeto de Lei 2310/2022 apresentado em agosto deste ano pelo deputado Subtenente Gonzaga (PSD-MG) que prevê que a Polícia Militar tenha poder de formalizar investigações e pedir ao Judiciário mandados de busca e apreensão. O projeto passou pela Comissão de Segurança Pública de Câmara dos deputados e aguarda parecer do relator da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Leia mais no G1

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