domingo, 11 de dezembro de 2022

O valor dos juros que os brasileiros estão pagando e seu impacto no orçamento das famílias


Além de a renda média dos brasileiros ter diminuído durante a pandemia, as famílias estão mais comprometidas com o pagamento de juros, o que tende a afetar o varejo em 2023.

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As pessoas físicas pagaram R$ 284,1 bilhões em juros no primeiro semestre deste ano, um aumento de 18% em relação ao mesmo período de 2020, segundo estudo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).

O total dos juros pagos por pessoas físicas somente no primeiro semestre de 2022 corresponde a quase cinco vezes o valor estimado de R$ 60 bilhões que está sendo injetado no consumo por meio do Auxílio Brasil – R$ 600 por indivíduo – entre agosto e dezembro deste ano.

O pagamento de juros, atualmente, representa 12,6% da renda, das famílias, na média. No primeiro semestre de 2020 a proporção era de 10,50% e, no ano passado, de 11,62%.

Em média, no semestre, a taxa de juros cobrada pelos emprestadores se situou em torno de 18,8%, o que dá aproximadamente 40% ao ano”, observou. “A cobrança de juros é extremamente elevada e faz com que uma boa parte do orçamento doméstico seja comprometida pelo pagamento de juros. São recursos que vão para o sistema financeiro e deixam de ir para comércio, indústria ou serviços.

Esse tipo gasto representa hoje um dos maiores itens de despesa dos lares brasileiros, superando educação, serviços de saúde e vestuário, aponta o estudo. Fica abaixo apenas dos custos com aluguel e alimentação.

Apesar do aumento do comprometimento da renda familiar com juros, não há no cenário um risco de ruptura do sistema financeiro desde que as instituições não cortem o crédito. Inclusive, existe uma correlação natural entre o aumento do crédito e o crescimento de juros pagos no primeiro semestre do ano.

No período, o saldo das operações com recursos livres, que corresponde ao saldo das operações de empréstimo, financiamento, adiantamento e arrendamento, cresceu 11,6%, enquanto as concessões ou valor das novas operações contratadas no período avançaram 14% na comparação com o mesmo período de 2021.

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A preocupação, segundo ele, se dá por causa dos juros altos praticados pelas instituições financeiros e pela inflação mais alta. Esses fatores contribuíram para que a taxa de inadimplência entre as pessoas físicas tenha aumentado para 5,24% e retornado ao nível de 2020, quando foi registrado o patamar recorde de 5,3%.

Segundo a FecomercioSP, o valor dos empréstimos atrasados há mais de 90 dias, que tecnicamente conceitua a inadimplência, apresentou alta de R$ 45,1 bilhões em relação ao primeiro semestre do ano passado, somando R$ 85,3 bilhões no primeiro semestre de 2022. Em 2021, eram R$ 58,8 bilhões em atraso.

Não é a taxa de inadimplência atual, perto de 5%, e a taxa de juros anual perto de 40% que podem trazer maiores problemas macroeconômicos, mas sim a expectativa e a confiança que o sistema financeiro vai ter em relação ao cenário. Se tivermos indicações de elevação de inflação e queda do emprego, aí teremos problemas, porque os bancos vão cessar o crédito caso isso aconteça.

O mesmo se aplica ao montante de juros pagos por empresas no primeiro semestre de 2022, que também aumentou, de R$ 91,5 bilhões no primeiro semestre de 2020 para R$ 103,1 bilhões no mesmo período desse ano. Esse crescimento não representa um risco em si, embora a trajetória tampouco seja saudável.

A inadimplência entre empresas, em termos de valores com atrasos superiores a 90 dias, atingiu, em junho de 2022, R$ 22,1 bilhões, 8,2% mais que em 2021, mas abaixo do montante observado no primeiro semestre de 2020, de R$ 23,7 bilhões.

Do Blog Cidadania & Cultura

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