Entre o planejamento traçado até o momento, está a fidelização de senadores eleitos neste ano e que deverão concorrer aos governos estaduais em 2026. Eles fariam palanque para Bolsonaro e receberiam declarações de apoio do presidente ao longo dos próximos anos.
A avaliação é que ao menos um terço dos senadores tentará um cargo de governador, sobretudo os bolsonaristas recém-eleitos para o mandato de oito anos. Esses políticos estariam em posição confortável para disputar o comando dos estados uma vez que, se perderem, retomariam suas cadeiras no Congresso.
Outra frente consiste em usar as eleições municipais para reforçar o bolsonarismo em capitais estratégias, como Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. Essa tática foi usada pelo PT em 2020 quando, mesmo com chances remotas, o partido optou por lançar candidaturas próprias nessas cidades. O PT não venceu em nenhum dos municípios, mas reforçou a mensagem em defesa de Lula.
Um terceiro ponto, ainda alinhado pelo núcleo de Bolsonaro, é fazer com que o presidente se mantenha em evidência ao longo dos próximos quatro anos, haja vista que outros nomes da direita poderão ganhar força, como Tarcísio de Freitas e Romeu Zema. Como o Congresso terá composição majoritariamente conservadora, a avaliação é que o governo Lula não terá vida fácil e dará muitas oportunidades para os holofotes da oposição.
Paralelamente às conversas sobre a retomada de poder, o núcleo de Bolsonaro, agora, discute uma forma de comunicar aos apoiadores que clamam por golpe militar que não haverá ruptura institucional. Como desmobilizar bolsonaristas acampados há semanas sem decepcioná-los?
O temor é desagradar justamente à fatia mais fiel do eleitorado, que acredita que o presidente ainda tem uma carta na manga para evitar a posse de Lula. Esses apoiadores são vistos como o pilar da candidatura de Bolsonaro em 2026.
Bolsonaro até tentou questionar as urnas eletrônicas por meio da ação ingressada por Valdemar da Costa Neto, do PL, no Tribunal Superior Eleitoral, como forma de prestar contas ao eleitorado mais radical.
Um integrante do núcleo duro de Bolsonaro afirma que, apesar de “restar uma pulga atrás da orelha” após Alexandre de Moraes rejeitar a ação do PL, o foco precisa estar em 2026. Segundo esse aliado, todas as medidas legais cabíveis foram tomadas e não há mais nada que possa ser feito.
Até o momento, a maior contribuição para desmobilizar bolsonaristas em portas de quartéis parece ter vindo de Eduardo Bolsonaro, flagrado sorridente no Catar, sede da Copa do Mundo, em um jogo do Brasil.
Inscreva-se no Canal no YouTube Francisco Castro Política e Economia
Nenhum comentário:
Postar um comentário