O CDI (Certificado de Depósito Interbancário) é um título de muito curto prazo emitido pelos bancos. Em algum grau, ele se assemelha ao CDB. Isso porque o CDI também é usado pelas instituições para captar recursos.
Mas há uma diferença fundamental entre eles: o certificado interbancário não é oferecido diretamente aos investidores individuais. Como o próprio nome indica, ele serve para que os bancos emprestem e tomem recursos entre si de um dia para o outro. O CDI tem prazo de vencimento de um dia útil.
A razão da existência do CDI é a regulação do sistema financeiro. O Banco Central determina que os bancos devem encerrar todos os dias com saldo positivo de caixa. É uma medida de segurança que procura assegurar que o sistema financeiro seja estável e esteja saudável.
Ocorre que isso nem sempre acontece. Imagine uma instituição que, em determinado dia, registre um volume maior de resgates do que de depósitos. As regras estabelecem que essa diferença seja obrigatoriamente coberta – e a saída para isso é tomar dinheiro emprestado, emitindo um CDI que seja adquirido por outro banco.
Se o CDI é um título não acessível para as pessoas físicas, o que essa sigla tem a ver com os investimentos em geral? A resposta é: os juros.
Nos empréstimos realizados entre os bancos por meio de CDIs há cobrança de juros. As operações são registradas na B3, que calcula a taxa média de juros praticada nos certificados interbancários de todo o mercado financeiro. Essa taxa, divulgada diariamente, é conhecida como “taxa DI” (também chamada de “taxa do CDI”).
Como reflete os juros médios das operações entre os bancos, a taxa DI se tornou uma referência para o restante do mercado financeiro. Mesmo sendo um indicador de base diária, ele também é calculado em base mensal e anual. Atualmente, a taxa DI serve de base para a rentabilidade dos investimentos de renda fixa em geral.
É dessa forma que o CDI se vincula com sua carteira de investimentos. A taxa média de juros cobrada nessas operações é uma referência para outras aplicações de renda fixa. Por isso, é bastante comum que a remuneração oferecida por um CDB, uma Letra de Crédito Imobiliário (LCI) ou uma debênture seja expressa como um percentual do CDI.
Também é bastante frequente recorrer à taxa DI para saber se um fundo de renda fixa está rendendo bem ou mal em determinado período. Se a rentabilidade for menor do que a taxa DI, é sinal de que o fundo poderia ter se saído melhor. Se for acima, é indicativo de desempenho satisfatório.
Qual é a relação entre CDI, Selic e taxa DI?
Se você já tinha ouvido falar em CDI, certamente também conhecia outro termo comum no mercado: Selic. Abreviação de “Sistema Especial de Liquidação e de Custódia”, a Selic é considerada a taxa básica de juros da economia. Também é usada em operações financeiras realizadas entre os bancos, com uma característica especial: elas envolvem títulos públicos dados como garantia.
Aproximadamente a cada 45 dias, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne para definir uma meta para a Selic. É a taxa que você encontra periodicamente nas notícias sobre macroeconomia e investimentos. Mas a taxa Selic efetiva é a que realmente acaba sendo praticada no mercado – e normalmente ela está ligeiramente abaixo da meta.
Como meta da Selic é definida para servir como uma espécie de ponto de equilíbrio da economia, o usual é que essa taxa e a taxa DI caminhem próximas. Isso porque os próprios empréstimos entre bancos feitos por meio de CDIs também consideram a Selic como referência. Por isso, embora as duas taxas não sejam idênticas, ambas seguem a mesma tendência e direção.
Ao longo de 2019, por exemplo, a taxa do CDI ficou abaixo de 0,60% em todos os meses do ano (em alguns, não chegou nem a 0,40%).
A taxa do CDI é a principal referência de rentabilidade para os investimentos de renda fixa. Muitos são atrelados a esse indicador, e outros tantos o utilizam como benchmark – ou seja, como meta de desempenho. Há, inclusive, aplicações de outras categorias que fazem isso. É o caso de alguns fundos multimercados.
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