segunda-feira, 9 de março de 2020

O derretimento da Bolsa no Brasil e a crise levaram economistas e políticos cobrarem solução ao "Posto Ipiranga" do Bolsonaro

Resultado de imagem para fechamento da bolsa de valores de são paulo em 09/03/2020A ameaça de pandemia causada pelo novo coronavírus, a queda de mais de 30% no preço do petróleo, o pânico nos mercados mundo afora e a frustração com a recuperação da economia brasileira exigem medidas imediatas do governo, alertam economistas. 

Para Monica de Bolle, o país precisa acabar com o teto de gastos e o governo, fazer investimento público em infraestrutura. “Estou cada vez mais convencida de que a chance de o país entrar em recessão é grande, não é pequena”, afirmou a pesquisadora no PIIE (Peterson Institute for International Economics), baseado em Washington. 

“O governo por enquanto parece completamente perdido, não tem nada sendo dito nessa linha, e Paulo Guedes fica batendo na tecla das reformas, que nesse caso são absolutamente inadequadas, não vão ajudar em nada o Brasil a navegar nessa crise”, disse de Bolle. 

economista Laura Carvalho, professora na Universidade de São Paulo. “Apesar da promessa de que a reforma da Previdência faria com que a confiança de investidores fosse retomada, na prática a gente vê que o mercado interno tem de estar aquecido, as vendas têm de estar subindo para haver investimento. Não é algo tão místico quanto parece”, afirmou. “A única coisa que poderia diminuir esses impactos seria o aumento dos investimentos públicos. A situação pode ser bem dramática, pode acontecer mesmo uma recessão ainda neste ano.”

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), por sua vez, tem condições de ser o protagonista de uma agenda de reação ao cenário internacional alarmante, na opinião da economista. “Ele entende a gravidade da situação e poderia, sim, sair à frente com alguma proposta e tentativa de liberar recursos do governo. Esse é o momento, e não estou nem aí se vou ser crucificada no Brasil por causa disso: o teto de gastos é uma estupidez completa.”

A economista Zeina Latif afirmou que, diante de “más notícias para todos os lados”, “se a gente tivesse uma agenda mais promissora, se visse de fato o país num momento mais reformista, o efeito de contágio [da somatória de dificuldades] ia acontecer, mas talvez a gente conseguisse reduzir um pouco. Assusta o fato de, com a economia frágil, a gente estar gastando energia em temas secundários, ruídos políticos. Passa a noção de que o governo não entendeu a gravidade do que está por vir”.

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