A ameaça de pandemia
causada pelo novo coronavírus, a queda de mais de 30% no preço do
petróleo, o pânico nos mercados mundo afora e a frustração com a
recuperação da economia brasileira exigem medidas imediatas do governo,
alertam economistas.
Para Monica de Bolle, o país precisa acabar com o
teto de gastos e o governo, fazer investimento público em
infraestrutura. “Estou cada vez mais convencida de que a chance de o
país entrar em recessão é grande, não é pequena”, afirmou a pesquisadora
no PIIE (Peterson Institute for International Economics), baseado em
Washington.
“O governo por enquanto parece
completamente perdido, não tem nada sendo dito nessa linha, e Paulo
Guedes fica batendo na tecla das reformas, que nesse caso são
absolutamente inadequadas, não vão ajudar em nada o Brasil a navegar
nessa crise”, disse de Bolle.
economista Laura Carvalho, professora na
Universidade de São Paulo. “Apesar da promessa de que a reforma da
Previdência faria com que a confiança de investidores fosse retomada, na
prática a gente vê que o mercado interno tem de estar aquecido, as
vendas têm de estar subindo para haver investimento. Não é algo tão
místico quanto parece”, afirmou. “A única coisa que poderia diminuir
esses impactos seria o aumento dos investimentos públicos. A situação
pode ser bem dramática, pode acontecer mesmo uma recessão ainda neste
ano.”
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia
(DEM-RJ), por sua vez, tem condições de ser o protagonista de uma agenda
de reação ao cenário internacional alarmante, na opinião da economista.
“Ele entende a gravidade da situação e poderia, sim, sair à frente com
alguma proposta e tentativa de liberar recursos do governo. Esse é o
momento, e não estou nem aí se vou ser crucificada no Brasil por causa
disso: o teto de gastos é uma estupidez completa.”
A economista Zeina Latif afirmou que,
diante de “más notícias para todos os lados”, “se a gente tivesse uma
agenda mais promissora, se visse de fato o país num momento mais
reformista, o efeito de contágio [da somatória de dificuldades]
ia acontecer, mas talvez a gente conseguisse reduzir um pouco. Assusta o
fato de, com a economia frágil, a gente estar gastando energia em temas
secundários, ruídos políticos. Passa a noção de que o governo não
entendeu a gravidade do que está por vir”.
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