quinta-feira, 8 de setembro de 2022

Mídia europeia sobre o atual presidente do Brasil: “Totalmente paranoico, Bolsonaro estragou bicentenário da independência”

 


A instrumentalização do 7 de setembro por Bolsonaro repercutiu amplamente na imprensa europeia. A crítica mais incisiva veio da França.

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“Bolsonaro está disposto a tudo”, diz Alba Ventura, editorialista da rádio RTL, uma das principais do país. “O presidente brasileiro é candidato a sua reeleição em outubro. Totalmente paranoico, chegou a estragar o bicentenário da independência para fazer campanha”.

“Depois de Boris Johnson na terça, outro dirigente chamou minha atenção esta semana, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro, candidato à presidencial definida em um mês. Dizem que é o Trump tropical. O homem é um populista de extrema direita, sem filtro, que só vive nas redes sociais”, critica.

“O atual presidente brasileiro pode potencialmente chamar à insurreição e está disposto a tudo. Há dias, o país se encontra no limite. Esta noite, os brasileiros celebraram o bicentenário de sua independência e essa comemoração, que devia ocorrer como uma grande festa nacional, foi confiscada por Bolsonaro, não o chefe de Estado, mas o candidato. Seria como se o presidente francês se servisse do 14 de julho para fazer campanha”.

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“Jair Bolsonaro chamou seus partidários para se manifestar, vir parasitar as celebrações. Ele fez discursos de campanha. Os 200 anos da independência tinham que ser seu momento! Ele queria se aproveitar disso para dizer que encarna o bem contra o mal, contra a esquerda, contra os ministros da Suprema Corte”, analisa.

Ela cita “Cauchemar Brésilien (o pesadelo brasileiro)”, livro recém-lançado de Bruno Meyerfeld, correspondente do jornal Le Monde no Brasil. “Ele descreve um país presa de uma grande crise econômica, onde as pessoas estão com fome. Ele retrata também um Bolsonaro fechado em seu Palácio da Alvorada, isolado, que dorme com uma arma na sua cabeceira, que perambula pela noite nos corredores em chinelo, bermuda e uniforme de time de futebol, que quase nunca sai de seus jardins porque tem medo de ser morto por um drone. Ele tem alguém para experimentar a comida antes de comer”.

“Além dessa paranoia, o chefe de Estado é totalmente inculto”, afirma. “Ele não fala nenhuma língua estrangeira. Ele confunde o Qatar com o Kwait”.

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A jornalista francesa se pergunta se um Bolsonaro seria possível em seu país. “Mesmo nossos populistas não são tão vulgares quanto Jair Bolsonaro. Há uma notável diferença entre eles”, compara. “Para o presidente brasileiro, o inimigo a abater está dentro: os comunistas, os juízes… Na França, para os populistas de direita, o inimigo é o exterior.”

“A ameaça populista está por todas as partes. Ela simplesmente não se encarna da mesma maneira”, conclui.

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No Rio de Janeiro, a correspondente do jornal Libération descreveu uma “panopólia fascista”: “Um retrato solitário de Lula pendurado numa janela, diante de uma praia, onde os bolsonaristas chegaram logo pela manhã, enrolados na bandeira nacional. ‘Lula, vai tomar no cu’, tenta gritar um homem, sem sucesso. ‘Lula ladrão, seu lugar é na prisão’ funciona melhor na multidão. Na mesa, vendedores ambulantes propõem a panóplia fascista: camiseta e toalha de praia com a imagem do presidente, e também a de Lula em uniforme de presidiário. Uma jovem moça pega uma delas e tira uma selfie”.

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“As mulheres foram muitas, para tentar contradizer as pesquisas que dão ampla maioria de Lula entre elas. Machista, Bolsonaro, que algumas horas mais cedo, se dizia ‘imbrochável’, antes de beijar a boca da primeira-dama??”, descreve a enviada especial ao Rio Chantal Rayes, aparentemente perplexa.

“‘Ninguém é perfeito’, solta Elizabeth, pastora evangélica que promete ‘curar o coronavirus e ressuscitar os mortos’. Bolsonaro e o bolsonarismo estão bem vivos”.

“Alternando tom conciliador e ameaças veladas contra a democracia, ele havia antes declarado que a ‘história pode se repetir’, citando principalmente o golpe de Estado dos generais em 1964”, destaca o Le Figaro.

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“Num gesto de desafio aos magistrados, o presidente colocou do seu lado na tribuna oficial seu amigo, o bilionário Luciano Hang, acusado de querer fomentar um golpe de Estado militar em caso de vitória de Lula. Por outro lado, os presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado e do Supremo Tribunal esnobaram a cerimônia”, descreve o jornal francês. “Como sempre com Bolsonaro, os próximos dias são incertos e ainda carregados de ameaças”, afirma.

“No Rio de Janeiro, muitos contavam sua apreensão de sair, apesar do calor. No entanto, a tradição é que as pessoas vão à praia nesse dia, depois de assistir ao desfile militar no centro. Bolsonaro os privou concentrando as forças armadas diante de seus partidários de frente para o mar”, diz o Le Monde.

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A atitude de Bolsonaro também foi criticada na imprensa portuguesa. “Bolsonaro sequestrou o bicentenário e fez dele dia de campanha”, diz o português Expresso.

“Os apoiantes exaltaram a sua potência sexual e houve momentos de puro constrangimento ao longo do dia, que deveria ter sido em primeiro lugar de comemoração do bicentenário”, descreve Maria da Paz Tréfaut.

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“A apoteose foi no Rio de Janeiro onde participou de uma motociata, forma de manifestação que adotou inspirado no modelo fascista usado pelo italiano Benito Mussolini. Em seguida exaltou manifestantes na orla de Copacabana. O Rio é o feudo político da família Bolsonaro, onde ele e os três filhos (Eduardo, Carlos e Flávio) fizeram carreira sempre defendendo torturadores, milícias, mordomias para militares e o porte de armas indiscriminado.”

“Bolsonaro usa o Bicentenário como tudo ou nada eleitoral”, aponta o também português Diário de Notícias.

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“Os 200 Anos da Independência do Brasil foram festejados em clima tenso de campanha para as eleições presidenciais de dia 2 de outubro. Jair Bolsonaro, o chefe de Estado que busca a reeleição, pediu votos, citou o seu slogan, enumerou feitos do governo e evocou até o Golpe Militar de 1964, que resultou em 21 anos de ditadura, de que é adepto”.

“Com isso, os convidados oficiais, como Marcelo Rebelo de Sousa, e os símbolos das comemorações, como o coração de Dom Pedro conservado em formol, passaram para segundo plano”, afirma.

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“Bolsonaro usa discurso oficial do bicentenário para pedir votos e defender a sua virilidade”, observa o Público.

“Sem muitas surpresas, o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, usou o seu discurso oficial que assinalou o bicentenário da independência do país, esta manhã em Brasília, para apelar ao voto na sua recandidatura. Mais do que festejar a efeméride, o 7 de Setembro transformou-se na grande ação que a campanha de Bolsonaro precisava para mostrar uma muito necessária vitalidade.”

“Na capital federal, a cerimónia protocolar que assinala o feriado mais importante do calendário político brasileiro, este ano com o simbolismo acrescido de se assinalarem 200 anos da independência, ficou marcada pela instrumentalização por parte de Bolsonaro para fazer campanha para a sua reeleição”.

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O jornal do Porto também destaca a reação do presidente português. “Marcelo nega desconforto ao lado de Bolsonaro, apesar da bandeira que lhe puseram à frente”.

“O Presidente da República continua confortável com a sua participação nas comemorações oficiais do bicentenário da independência do Brasil, ao lado do Presidente e candidato Jair Bolsonaro, mesmo depois de ter ficado numa fotografia atrás de uma bandeira daquele país adulterada na qual, em vez das estrelas do brasão central com a faixa ‘Ordem e Progresso’, está um bebê e duas frases: ‘Brasil sem aborto’ e ‘Brasil sem drogas'”, relata.

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“’Na altura desconhecia o que se passava para além do gesto do Presidente [do Brasil], que não percebi o que significava, e daí o meu ar entre o estupefacto e o divertido”, acrescentou, referindo-se ao dedo indicador apontado para cima de Jair Bolsonaro’.”

“Marcelo nega desconforto e não teme ficar associado à campanha de Bolsonaro”, diz o canal de TV SIC Notícias.

Para o Observador, chamou a atenção o lugar de Luciano Hang: “Bolsonaro coloca empresário sob investigação entre ele e Marcelo”.

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“Chefe de Estado português ficou ao lado de empresário bolsonarista sob investigação durante desfile que assinalou os 200 anos de independência do Brasil.”

No Reino Unido, a “demonstração de força de Bolsonaro” foi considerada pelo The Guardian como uma “tentativa de energizar uma campanha estagnada à reeleição”. O italiano Il Messaggero considera que a “festa aconteceu em clima de tensão”.

Se o governo Bolsonaro está acabando, sua imagem no exterior já foi enterrada. O resultado da eleição dirá se a do Brasil também.

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