sábado, 3 de setembro de 2022

Bolsonaro despreza as mulheres e isso deve ser determinante para a derrota dele em 2022


O esforço permanente de rebaixamento das mulheres faz parte da genética bolsonarista. E pode ser uma das principais causas do derretimento da candidatura de Jair Bolsonaro (PL) daqui para frente. A cada dia que passa fica mais claro que o presidente e seus seguidores têm algo contra o crescente poder feminino em todas as esferas da vida em sociedade. Sempre que uma mulher demonstra qualidade profissional ou lhe faz uma crítica, ele lança algum tipo de ironia machista ou age com agressividade extrema. Em poucas semanas de campanha, Bolsonaro já mostrou a que veio. Agrediu com um empurrão na cara uma opositora, artista plástica de 32 anos, em Juiz de Fora, no seu primeiro ato público, porque foi chamado de fascista.

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 Além disso, foi grosseiro com adversárias na corrida presidencial, classificando a senadora Simone Tebet (MDB) de “vergonha do Senado” e destratando a jornalista Vera Magalhães ao falar que ela sonhava com ele, no primeiro debate realizado domingo, 28, pela Band TV. Esse destempero tem sido sua marca registrada desde a década de 1990, quando, depois de criticado por um grupo de mulheres, atacou uma delas, Conceição Aparecida Aguiar, pelas costas diante de uma agência do Banco do Brasil, no bairro de Deo­doro, no Rio. Entre outras acusações contra o presidente, uma das mais aterrorizantes é a de ameaça de morte feita pela ex-mulher Ana Cristina Valle, em 2011.

Mas o caso que melhor define a sua personalidade política e mais expõe seus sentimentos conflitantes em relação às mulheres é o que envolveu a deputada Maria do Rosário (PT-RS), xingada por ele de “vagabunda” em 2014. Numa fala ultrajante, que escandalizou todos os brasileiros decentes, Bolsonaro afirmou que não a estupraria porque ela era muito feia e não merecia. Os impropérios lhe valeram uma derrota judicial inapelável e escancaram a sua masculinidade tóxica. Em 2003, 11 anos antes, ele havia agredido a deputada verbalmente com o mesmo xingamento e com empurrões, mostrando que se trata de uma obsessão doentia. 

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O atual presidente também espalha boçalidades e frases de duplo sentido contra jornalistas dizendo que elas querem dar “um furo”, como fez com a repórter Patrícia Campos Mello, do jornal Folha de S.Paulo, e defende a desigualdade salarial entre homens e mulheres que exercem a mesma função com argumentos machistas. Costuma chamar aquelas mulheres que não concordam com ele de “incompetentes” ou “mentirosas” e considera que ter filhas em vez de filhos é uma fraqueza. Desde a juventude, dá demonstrações de aversão ao sexo feminino, demonstrando a chamada misoginia. Em embate com Lula (PT), ao longo da semana, em que foi acusado de odiar mulheres, Bolsonaro retrucou que a prova de que ele tem uma boa relação com o sexo oposto era “o semblante da primeira-dama”. Mas sua intimidade com a pragmática Michelle mal esconde o desprezo pela alma feminina e a dificuldade em ter uma convivência equilibrada e cordial com suas semelhantes.

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A fatura eleitoral pelo estranhamento com as mulheres está sendo cobrada de Bolsonaro. Ele enfrenta uma rejeição mais expressiva entre elas do que entre os homens em quase todas as classes sociais, idades e religiões, o que pode sacramentar sua derrota na disputa. As eleitoras percebem que ele só se sente à vontade na companhia de sujeitos armados e truculentos contando piadas grosseiras e falando baixarias. O presidente é incapaz de passar uma mensagem de empatia ou solidariedade, como se viu durante toda a pandemia, que ceifou a vida de 684 mil brasileiros, enquanto ele fazia imitações grotescas de pessoas asfixiadas e promovia o negacionismo. Quando as mulheres reclamam de sua postura, ele diz que se tratam de reclamações infundadas de esquerdistas. 

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