sábado, 6 de junho de 2020

Delegado afirma que a polícia foi cooptada pelo discurso fascista do Bolsonaro

O delegado da Polícia Civil de São Paulo, Orlando Zaccone, em entrevista a Fernanda Mena, na Folha de S. Paulo, disse que “quem estiver nas ruas defendendo a pauta do governo, mesmo armado ou com um taco de beisebol, vai ser tratado com respeito. Quem estiver nas ruas fazendo oposição, vai ser construído como terrorista”.
Zaccone é co-fundador do Movimento dos Policiais Antifascistas e afirma que “a polícia infelizmente foi cooptada pelo discurso fascista, que diz que os policiais são mal recebidos pela esquerda e pelos movimentos sociais. O discurso é: ‘eles não gostam da polícia, mas nós gostamos’”, diz o delegado.
Para ele, o Brasil vive a institucionalização de um projeto fascista. Ele envolve não só o avanço no país de milícias e grupos paramilitares mas também a transformação em política de Estado de mecanismos de repressão violenta, racismo, LGBTfobia, misoginia, exploração do trabalho e criminalização de movimentos sociais.
“Manifestantes que defenderam o AI-5 e atacaram o Congresso e o Supremo Tribunal Federal não foram considerados como terroristas, mas como livre pensamento”, diz Zaccone, que é doutor em ciência política pela Universidade Federal Fluminense e membro da Leap (Law Enforcement Against Prohibition), organização internacional que reúne policiais, promotores e juízes na busca de alternativas à guerra às drogas.
“Fica claro que a jogada é essa: quem estiver nas ruas defendendo a pauta do governo, mesmo armado ou com um taco de beisebol, vai ser tratado com respeito; quem estiver nas ruas fazendo oposição, vai ser construído como terrorista. E a gente chama isso de fascismo não é à toa.”
Zaccone e outros 500 agentes de segurança pública, entre policiais civis, militares e federais, bombeiros, agentes penitenciários e guardas municipais, assinaram um manifesto do Movimento dos Policiais Antifascismo lançado nesta sexta, 05 de junho.
“Não é a toa que o presidente Jair Bolsonaro quer se apropriar da Polícia Federal. Não é à toa que ele indicou o atual procurador geral da República fora da lista tríplice”, crava o delegado.  (Da Forum)

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