Fabrício Queiroz: Reprodução |
Do editorial do Globo:
Os delírios golpistas do bolsonarismo que surgiram com ares de tragédia se aproximam da farsa. O fraseado do ex-capitão, modulado nos 28 anos de baixo clero na Câmara, em favor de torturadores do ciclo de chumbo da ditadura militar, as ameaças ao Supremo, as palavras de ordem de pequenos grupos por um novo regime de exceção verde-oliva gritadas em manifestações bolsonaristas, mantendo o ex-capitão no Planalto, prenunciavam um impossível retorno ao início dos anos 1960, sem Guerra Fria e sem comunistas escondidos em todos os lugares, mas prontos para conseguir o que não foi possível no levante fracassado de 35, a Intentona.(…)
O noticiário sobre o roubo de dinheiro público por meio do esquema na Assembleia Legislativa fluminense batizado de forma singela como “rachadinha” concorreu por espaço na imprensa com a formação do governo e a posse do presidente.(…) Muitos inquéritos sobre lavagem de dinheiro ficaram em suspenso junto com os de Flávio e Queiroz, já então desaparecido.
O Brasil chegou a ser ameaçado com a saída de acordos multilaterais que facilitam a troca de informações entre os Estados nacionais, para coibir crimes financeiros, crescentemente globais, cometidos para esconder grandes volumes de dinheiro gerados na corrupção, no tráfico de drogas e armas, em todo tipo de operação gerenciada pelo crime organizado. O plenário da Corte reviu aquela decisão, e o próprio Toffoli recuou no julgamento final.(…)
Junto com a descoberta de Queiroz sob proteção do advogado presidencial devem ganhar nitidez ligações no mínimo arriscadas do clã Bolsonaro com o submundo das milícias cariocas. O próprio Queiroz explorava transporte de vans em Rio das Pedras, Zona Oeste do Rio, QG de uma quadrilha de bandidos fardados — da ativa ou da reserva. É preciso muita intimidade com os homens fortes do pedaço para entrar nesses negócios.
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