domingo, 5 de abril de 2020

O jornalista da Globo Mello Franco afirma com razão que o Bolsonaro agora é apenas um presidente decorativo

Bolsonaro compartilha e depois apaga vídeo que critica ...
Apresento alguns trechos de artigo de Bernardo Mello Franco no Globo deste domingo, 05 de abril:
(...) "Os fatos dos últimos dias reforçam a impressão de que Bolsonaro deixou de governar. Na crise do coronavírus, uma junta de ministros passou a tomar as decisões que importam. Enquanto os auxiliares trabalham, o presidente se ocupa em animar a claque do Alvorada e esbravejar contra as medidas de distanciamento social.


Na segunda-feira, o general Braga Netto assumiu o papel simbólico de interventor. Recém-nomeado para a Casa Civil, passou a comandar entrevistas diárias com grupos de ministros no Planalto. A maioria dos participantes só faz figuração, mas transmite-se a ideia de que há alguma coordenação no governo.

O general também ajudou a montar um cordão sanitário em torno do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. O objetivo é impedir Bolsonaro de demiti-lo às vésperas do pico da epidemia. Os ministros Sergio Moro e Paulo Guedes, que não integram a ala sectária da Esplanada, juntaram-se ao esforço de blindagem. “Estamos sob orientação do ministro Mandetta”, disse Guedes na terça. (...)

No duelo entre o médico e o capitão, só restou a Bolsonaro o apoio dos filhos. Governadores, parlamentares e ministros do Supremo se alinharam abertamente a Mandetta. A opinião pública caminha no mesmo sentido. (...)

O isolamento de Bolsonaro tem produzido situações inusitadas. Na quinta, os presidentes da Câmara e do Senado ignoraram um convite para encontrá-lo no Alvorada. Preferiram jantar com Mandetta, alvo da ira do capitão. Na manhã seguinte, Rodrigo Maia tripudiou: “Ele não tem coragem de trocar o ministro”. O capitão deve ter espumado de raiva, mas o médico continua onde estava.

Apesar das aparências, Bolsonaro ainda é capaz de notar o que acontece à sua volta. Na terça-feira, ele passou novo recibo de esvaziamento. “O presidente sou eu!”, bradou. Há controvérsias. Para boa parte do meio político, o capitão já está fora do jogo. Virou uma peça de decoração, que poderá ser varrida do palácio quando a epidemia acabar."

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