A jornalista Eliane Cantanhêde publica em sua coluna do Estadão uma análise sobre o real papel dos bolsonaristas que fecharam estradas e se concentraram na frente de quartéis. ”Só falta os golpistas entenderem que fazem papel de bobos”, escreveu ela, logo no título.
Cantanhêde erra em dois pontos, e é preciso destacá-los. Com alma tucana, da qual não conseguiu ainda se livrar, diz que Lula está mais maduro e “sabe que não tem direito de errar. Gato escaldado…”.
Lula, é preciso esclarecer, terminou os seus dois mandatos, em 2010, com 87% de aprovação máxima. A população considerou seu governo “ótimo ou bom”. Se ele errou, como sugere Cantanhêde, seria bom que voltasse a errar da mesma maneira (ironia), já que, em seu governo, o PIB brasileiro cresceu, em média, 4%.
O texto contém uma análise lúcida sobre a fase do presidente eleito em sua trajetória política, e a disposição dos agentes públicos e políticos para que o governo comece bem.
"O Lula que chega a Brasília nesta semana, para pôr seu governo de pé, é o melhor dos Lulas, e a oposição ao seu terceiro mandato ameaça ser a pior de todos os tempos, raivosa, irracional e inconsequente. Mas, atenção! Só nas estradas e ruas, porque nos Poderes da República prevalecem o pragmatismo e a negociação”, escreveu.
“Perto dos 80 anos e depois da prisão, Lula está revigorado pelo novo amor por Janja, mantém sua obsessão pela inclusão social, exercita o controle sobre o PT, usa seu talento para dialogar com aliados”, acrescenta.
Sobre a herança de Lula em relação à de Fernando Henrique Cardoso, comenta:
"O Lula descobre agora o que é realmente uma herança maldita. Precisa não só de sólida base parlamentar, que ele sabe construir como ninguém, mas também das melhores cabeças no País, ou pelo menos no seu amplo conjunto de forças políticas, para compor o governo.”
Cantanhêde define assim a reação dos representantes do bolsonarismo ao governo de Lula:
"Pronta para dar o bote, a qualquer pretexto, estará a tropa bolsonarista, que não é de brincadeira.”
"Como antídoto, Lula tem sua imensa capacidade de atrair apoios e maiorias. O País volta à normalidade da política e do diálogo, com o vice Geraldo Alckmin dando entrevista no Planalto e uma saudável balbúrdia para definir instrumentos e cronogramas dos projetos urgentes”, destaca.
"Bolsonaro adora ditadores, liderou atos golpistas, comprou os militares, armou os civis, dividiu PF, PRF e polícias estaduais, mas na hora H – quando, frise-se, as Forças Armadas comportaram-se como instituição de Estado – ele não teve força nem tinha ideia de como dar golpes. Era tudo bravata, caricatura de gibi. Só falta os golpistas de ruas e estradas compreenderem que fazem papel de bobos”, finaliza.
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