domingo, 19 de junho de 2022

Saiba quais são os tipos de endividamento das família brasileiras


O percentual de famílias com dívidas a vencer (cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa) alcançou 77,7% em abril, o maior nível desde janeiro de 2010, início da série histórica da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC). Há um ano, a proporção de endividados era de 67,5%, 10,2 pontos percentuais abaixo.

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A inflação alta, persistente e disseminada (IPCA em 11,3% ao ano naquele mês), e a taxa de desocupação (10,5% da PEA) mantêm elevadas as necessidades de crédito para recomposição da renda. As famílias encontram nos recursos de terceiros uma saída para manter seu nível de consumo. Pior, usam e abusam de um instrumento emergencial – cartões de crédito – com juros elevadíssimos (350% aa).

O percentual de famílias com dívidas ou contas em atraso bateu um novo recorde, atingindo 28,6% do total de famílias, 4,3 pontos percentuais acima do apurado em abril de 2021, mostrando significativa piora na evolução no ano corrente. O cartão de crédito segue como o tipo de dívida mais procurado pelos consumidores em geral (88,8%), mesmo sendo a modalidade com os custos mais elevados.

indicador de inadimplência está ainda 4,4 pontos acima do apurado antes da pandemia, em fevereiro de 2020. A parcela das famílias sem ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso e a permanecer inadimplentes atingiu 10,9% do total.

Na faixa de até dez salários-mínimos, a proporção de inadimplentes situou-se no maior nível histórico, 31,9%. No grupo com renda superior a essa faixa, o percentual aumentou e alcançou 13,5% de famílias, o maior percentual desde abril de 2016.

endividamento no cartão de crédito apresentou aumento em abril de 2022, 7,9 pontos percentuais comparativamente a abril de 2021. A proporção de endividados no cartão ganhou recente destaque entre as famílias com renda mais elevada: o percentual alcançou surpreendentes 91,6%, aumentando 9,7 p.p. em 12 meses. A retomada do consumo por esse grupo, especialmente de serviços, frente a preços reajustados para repasses de custos e recuperação do pico prévio de renda, ajuda a explicar os maiores gastos no cartão por esses consumidores.

Com a alta da inflação elevando muitos os preços no varejo, o endividamento nos carnês de loja, a segunda principal modalidade de dívida da PEIC (18,2%), vem desacelerando desde janeiro deste ano. Entretanto, para renda familiar mensal acima de dez salários-mínimos a segunda maior modalidade é financiamento de carro (20,4%), depois carnês (18%) e financiamento de casa (15,7%). Entre os mais pobres, são mais baixos, respectivamente, carros 9,2% e casas 6,7%.

Nas operações de crédito com recursos livres, realizadas com pessoas físicas, as taxas de juros atingiram 48,1% a.a. (+ 8,0 p.p. em doze meses) em fevereiro de 2022, segundo o BCB. O endividamento encerrou o primeiro quadrimestre do ano na maior proporção história e apontando tendência de alta.

O extrato bancário reflete mais fielmente quem cada um é, em vez de testes de personalidade, revelando as motivações da pessoa e seus pontos fracos. O dinheiro fala de cada qual. A forma de usá-lo revela se é reflexivo ou impulsivo.

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Na população brasileira, há seis perfis financeiros típicos segundo pesquisa do Google, realizada em fevereiro de 2022:

  1. “batalhadores” (dinheiro é para ganhar) são 26,3% (41 milhões);
  2. “endividados” (dinheiro é para pagar) têm a mesma dimensão: 26,3% (41 milhões);
  3. “céticos” (dinheiro é para evitar) são 21,2% (33 milhões);
  4. “materialistas” (dinheiro é para gastar) são 15,2% (24 milhões);
  5. “planejadores” (dinheiro é para multiplicar) são 6,1% (9,5 milhões);
  6. “poupadores” (dinheiro é para guardar) são 5,1% (8 milhões).

Os três primeiros perfis são encontrados em quase ¾ da população. No entanto, todos os perfis, exceto “planejador” (36%), têm de 72% a 80% na faixa renda até R$ 2.000. Acima de R$ 5.000 (faixa dos 10% mais ricos na sociedade brasileira), encontram-se 17% dos “planejadores” e apenas de 1% a 5% dos demais perfis.

“Planejador” se destaca pelo valor médio do patrimônio investido (R$ 53.600): 100% das pessoas com esse perfil têm dinheiro investido. No total da população, só 9% investem. A reserva financeira média é de R$ 9.500.

Entre os “planejadores”, 61% têm curso superior completo (e disparadamente com pós-graduação, mestrado e/ou doutorado). Nos demais perfis, os “poupadores” têm 35% diplomados em Ensino Superior e os outros perfis de 19% a 23%.

Entre os “planejadores”, há relativamente mais funcionários públicos (14%) e menos autônomos (23%) e Pessoas Jurídicas (3%). No total da população, são respectivamente 9%, 29% e 11%.

A Pesquisa “Raio-X do Investidor Brasileiro” da ANBIMA teve a coleta de dados realizada de 17 de novembro a 17 de dezembro de 2020. No levantamento, em parceria com o Datafolha, foram ouvidas 3.408 pessoas das classes A, B e C em todo o país, participantes da População Economicamente Ativa (PEA), a partir dos 16 anos, representando 103 milhões de brasileiros.

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A pesquisa dá pistas sobre o comportamento do investidor quanto ao foco no retorno, às intenções de consumo e à pouca inclinação a pensar em reservas para a aposentadoria. No total, a renda familiar média era R$ 5.100. Naquela PEA, 87% trabalhavam e tinham atividade remunerada, mas apenas 28% eram assalariados registrados em carteira assinada e 10% desempregados.

Somente 28% tinham Ensino Superior, 49% Ensino Médio e 23% Ensino Fundamental. Só 5% eram da Classe A, 32% da Classe B e 63% da Classe C.

Entre os 40% considerados investidores, a renda familiar média era mais elevada (R$ 7.100) e 42% tinham Ensino Superior. Entre os 60% não investidores, era R$ 3.800 e 18% tinham essa escolaridade.

Durante o “pandemônio da pandemia”, 45% não tiveram perda de rendimentos, mas 45% tiveram perda parcial e 10% perda total. Quase 1/3 (31%) perderam o emprego. Conseguiram economizar 36% dos pesquisados, ou seja, 64% não conseguiram.

Os modos de conseguir poupança foram: deixar de sair (ir a festas, viajar, beber, fumar, usar o carro) para 56%, evitar compras desnecessárias para 24%, controlar as despesas para 19%.

O destino a ser dado para o retorno de aplicações financeiras é, para 27%, manter aplicado em 2020 (contra 17% em 2019). Comprar um imóvel caiu de 35% para 26%, assim como investir em negócio próprio de 7% para 5%, investir em educação de 8% para 5%, futuro dos filhos de 4% para 2%. As demais opções ficaram semelhantes: usar na aposentadoria (10%), fazer uma viagem (10%), comprar um veículo (10%), construir/reformar (5%), pagar contas (2%). Não sabe 9%.

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O SGS – Sistema Gerenciador de Séries Temporais do Banco Central do Brasil informa: o número de cartões de crédito ativos passou de 83 milhões em 2010 para 134 milhões em 2020. O maior salto tinha sido de 2017 (82 milhões) para 2018 (99 milhões), mas o de 2019 (100 milhões) para 2020 (134 milhões) o superou largamente.

Essa elevada disponibilidade de cartões de crédito, em princípio para uso emergencial, confronta-se com os últimos números divulgados pelo IBGE-PNADC, em 10/06/2022, sobre as condições sociais dos brasileiros. O rendimento médio mensal real domiciliar per capita em 2021 foi de R$ 1.353, o menor valor da série histórica da PNAD Contínua, iniciada em 2012.

A queda do rendimento mensal domiciliar per capita, em termos reais, em 2021 comparado com 2012, foi mais intensa entre as classes com menor rendimento: -48% até 5% e -25,3% entre 5% e 10% de menor renda. Nas demais, foi de -9,9% para baixo. Entre o 1% com maior renda (R$ 15.940) caiu -6,9%.

Uma pesquisa do Serasa de 18 a 20 de abril de 2022, para entender os hábitos dos consumidores em relação ao uso de cartões de crédito, mostrou 70% dos endividados com eles os usaram para comprar comida no supermercado. A maioria ficou inadimplente com “o nome sujo” para garantir alimentação no dia a dia.

Educação Financeira ensina a ter apenas um cartão de crédito. No entanto, apenas 9% se restringem a cuidar de uma só fatura, pois 21% têm dois, 23% três. Portanto, quase metade (47%) tem quatro (18%), cinco ou mais (29%).

Quanto mais essencial um bem, menos sensível será sua demanda, caso o preço do produto se altere. Cartões de crédito têm sido usado para comprar bens inelásticos.

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