quarta-feira, 11 de maio de 2022

Veja o quanto o Brasil evoluiu em seus 200 anos de independência, de 1822 a 2022




Nas celebrações dos 200 anos de sua independência, o Brasil está menor, em termos econômicos relativos ao mundo, e menos otimista quanto a seu futuro. Os dois séculos como país independente foram marcados por uma economia fechada, patrimonialista e excessivamente dependente do Estado, o que nos levou ao quadro de estagnação que perdura há 40 anos.

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Em 7 de setembro de 2022, o Brasil chegará aos 200 anos de sua independência de Portugal menor, em termos econômicos e relativos ao mundo, do que já chegou a ser ao longo dos últimos dois séculos.

No primeiro centenário, em 1922, enquanto realizava-se impressionante exposição internacional no Rio de Janeiro, então capital federal, e discutia-se em profundidade o futuro, o país se preparava para crescer rapidamente, consolidando-se, nos anos 1980, como uma das dez maiores economias do mundo.

O bicentenário, entretanto, ocorre em contexto de estagnação que perdura há quatro décadas e de encolhimento relativo do país na economia global. Não há projeto de longo prazo e estão praticamente exauridas as condições demográficas que impulsionaram grande parte dos avanços no século 20.

Em retrospecto, é possível considerar que o crescimento populacional brasileiro e a transição do campo para as cidades no século passado foram protagonistas no crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) —não o dinamismo econômico e os ganhos de produtividade que alavancaram outras economias, sobretudo a norte-americana e, mais recentemente, as asiáticas.

Ao contrário de países hoje mais competitivos, o Brasil dos últimos 200 anos caracterizou-se por manter a economia fechada, com baixíssima inserção no comércio internacional, e fundamentalmente patrimonialista, sem grande distinção entre negócios públicos e privados.

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Ao barrar a modernização econômica, protecionismo e patrimonialismo foram determinantes, na opinião de economistas e historiadores, para manter o Brasil como um dos países de maior concentração de renda do planeta ao longo da história recente.

Segundo o Relatório da Desigualdade Global (2022), da Escola de Economia de Paris, os 10% mais ricos no Brasil capturam 58,6% da renda e 80% da riqueza acumulada, bem acima da média global.

Protegidos da competição externa pela participação irrisória de 1,1% nos fluxos comerciais globais, segundo a Organização Mundial do Comércio, e favorecidos pelo Estado por subsídios, emendas parlamentares e contratos bilionários, alguns estratos da sociedade seguem se apossando de boa parte da riqueza nacional.

Segundo o especialista em estudos populacionais José Eustáquio Diniz Alves, professor por duas décadas na Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a partir da Independência, e por 160 anos, o Brasil foi uma nação emergente no cenário internacional, apresentando vigoroso crescimento populacional.

Entre 1822 e 1980, o país saltou de 4,7 milhões de habitantes para 121 milhões, com rápida transição, no século 20, do meio rural para as cidades.

Depois de avanços tímidos nos primeiros cem anos da Independência, as décadas seguintes foram de crescimento vigoroso, à medida que camponeses e imigrantes europeus passaram a trabalhar com meios de produção mais sofisticados em um país que se industrializava, ganhando produtividade.

“A partir da Independência, com poucos episódios de retrocesso, o Brasil passou a crescer mais do que a média mundial. Mas foi entre 1930 e 1980 que demos um salto no crescimento ‘demoeconômico’, com a população aumentando 3,3 vezes [de 37 milhões de habitantes para 121 milhões] e o PIB, 18,2 vezes”, afirma Alves.

Como comparação, no mesmo período a população mundial cresceu 2,2 vezes (2,1 bilhões para 4,6 bilhões) e o PIB global, 5,4 vezes. No meio século entre 1930 e 1980, o crescimento médio anual do PIB brasileiro seria de 6%; o mundial, de 3,4%.

Naqueles 50 anos, o Brasil também registrou aceleração no crescimento da renda per capita em relação à média mundial, segundo o Maddison Project Database, consagrada base de dados criada pelo economista britânico Angus Maddison (1926-2010) e continuada pela Universidade de Groningen, na Holanda.

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