segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Secretário bolsonarista é o elo entre a área ideológica do governo Bolsonaro e o Conselho Federal de Medicina

                            Raphael Camara, o elo entre o governo e os médicos brasileiros. Foto: Reprodução

Apesar de se dizer uma instituição “apartidária”, o Conselho Federal de Medicina tem entre seus conselheiros mais influentes um secretário do governo de Jair Bolsonaro. O ginecologista Raphael Câmara, tido como membro da ala ideológica do governo federal, acumula o cargo de conselheiro do CFM e de secretário de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde.

Não bastasse a proximidade entre o presidente da República e o presidente do CFM, Mauro Ribeiro, o secretário Raphael Câmara, representante do Rio de Janeiro, é descrito internamente por médicos que participam das reuniões do conselho como o responsável por fazer a ponte entre o governo Bolsonaro e o órgão, informando o executivo federal das discussões e debates que rondam o conselho, além de pressionar seus colegas de jaleco para evitar criticar o presidente e suas ações no combate à pandemia.

Apesar de ter assumido um cargo dentro do Ministério da Saúde em junho de 2020, Câmara não solicitou afastamento das funções de conselheiro. Não é ilegal manter os dois cargos, mas médicos que integram o órgão relatam que sempre foi uma questão de ética pedir licença do conselho ao assumir um cargo público, para evitar possíveis conflitos de interesses. “Como coordenar uma autarquia independente com membros do governo fazendo parte das decisões?”, questiona uma das fontes ouvidas pela reportagem.

Raphael Câmara também é o responsável por levar propostas de parcerias com ministérios e pautar discussões controversas no conselho para defender posições conservadoras, amparadas pelo governo federal. O tema que o secretário defende com unhas e dentes, segundo médicos ouvidos pela reportagem, é a proibição do aborto.

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