sábado, 2 de abril de 2022

Os jovens não estão querendo mais o Bolsonaro


 Da Isto É

O clima de “Fora Bolsonaro” se dissemina entre os jovens, vira quase um mantra entre minorias e mulheres e revela uma rejeição política cada vez maior ao presidente. Por questões comportamentais, pela vontade autoritária e diante do fracasso na gestão em áreas do governo que interessam diretamente aos brasileiros de 16 a 24 anos, como educação e meio ambiente, eles se distanciam da sua candidatura e buscam outras opções. O festival Lollapalooza, que Bolsonaro tentou censurar, serviu como termômetro de perda generalizada de prestígio fora de sua bolha ideológica e da dificuldade que ele terá dessa vez para conquistar votos entre as pessoas mais novas da classe média urbana.

Os sinais são claros de que a nova geração cansou do autoritarismo, do desprezo às minorias e das tentativas de censura levados adiante por Jair Bolsonaro, que faz propaganda política abertamente enquanto busca calar os opositores que se manifestam contra ele. É o caso de boa parte dos cerca de 300 mil jovens que foram assistir aos três dias de shows do Lollapalooza, um dos maiores festivais de música do mundo, realizado no Autódromo de Interlagos, em São Paulo. Por causa de manifestações da cantora Pabllo Vittar em favor do candidato Luis Inácio Lula da Silva, o partido de Bolsonaro, o PL, acionou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) denunciando a realização de propaganda irregular. O ministro Raul Araújo acatou o pedido e proibiu protestos durante o final de semana do evento, estabelecendo uma multa de R$ 50 mil para a organização do festival em caso de transgressão. No final deu tudo errado e o PL voltou atrás, mas ficou a demonstração cabal de que o governo não tolera divergência e trata os adversários com um rigor ditatorial. Ao mesmo tempo faz o que quer e promove a própria campanha eleitoral antes da hora, sem que haja reação do tribunal.

Não por acaso, a popularidade de Bolsonaro entre os jovens despenca. Entre os artistas já é quase nula, num clima parecido ao do AI-5 – inclusive, o presidente elogiou o coronel Brilhante Ustra, domingo, 27. São sucessivos esforços de censura, de subordinação das mulheres, além de perseguições explícitas e veladas a grupos minoritários e promoção da violência, incluindo armamentista. Não bastasse a asfixia promovida pela Secretaria da Cultura e as tentativas de manipulação do Enem, durante três anos e três meses de governo, ele trabalhou contra a educação inclusiva, xingou estudantes, expressou preconceitos de todos os tipos e pregou uma universidade para poucos. Para Bolsonaro, os jovens são ameaçadores, trazem na alma o sentido da mudança e estão se afastando dele politicamente, por questões comportamentais. Ele quer agora, por exemplo, aprovar uma nova lei anti-terrorismo genérica que permitiria ao governo cometer arbitrariedades e perseguir manifestantes por qualquer motivo, podendo transformar um simples incidente em um protesto em uma questão de Estado. Bolsonaro ficou incomodado com o termômetro político que foi o festival e percebeu que não tem o mínimo controle sobre esse grupo, como acontece entre as mulheres de todas as idades. São alas do eleitorado em que ele enfrenta ampla rejeição.  Veja mais clicando aqui.

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