segunda-feira, 5 de abril de 2021

A revista Time diz que o Brasil saiu dos trilhos e o Bolsonaro deve ser afastado do poder

 

Imagem: SERGIO LIMA/AFP

Uma reportagem da revista Time, publicada no domingo, 04 de abril, e escrita pelo jornalista Ian Bremmer, fala sobre a pior semana do Brasil desde o início da pandemia do coronavírus.

Além dos recordes no número de mortes diárias, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) demitiu ministros e abriu um conflito com os militares.

De acordo com a revista, essa foi “a semana em que o Brasil saiu dos trilhos”.

Leia alguns trechos da matéria:

No meio de uma pandemia global, é difícil determinar qual país está se saindo absolutamente pior. Mas qualquer lista curta neste momento deve incluir o Brasil.

Na segunda-feira, o exaltado presidente brasileiro Jair Bolsonaro tomou a decisão de derrubar seu gabinete, substituindo seis ministros. Algumas das saídas não foram surpreendentes, como o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Arujo, um aliado próximo de Bolsonaro, cuja abordagem combativa aos assuntos internacionais despertou fogo devido às lutas do Brasil para obter vacinas no exterior.

Mas outras demissões pegaram muitos desprevenidos, principalmente a do ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva. Bolsonaro, um ex-capitão do Exército que falou com carinho sobre a ditadura militar no país (bem como sobre líderes autoritários em geral), recrutou muitos generais ativos e aposentados para ingressar em seu governo. Azevedo foi um deles.

Mas desde que Bolsonaro assumiu o cargo em 2019, a preocupação tem crescido entre os chefes militares de que as aberturas de Bolsonaro podem corroer a independência militar da política além dos limites aceitáveis, um sentimento compartilhado pelo deposto Azevedo.

Na terça-feira, os chefes da Marinha, do Exército e da Força Aérea foram demitidos pelo presidente depois de ameaçarem se demitir em protesto contra a pressão de Bolsonaro para que as Forças Armadas defendessem politicamente sua administração. Para os detratores militares de Bolsonaro, o conforto crescente do presidente com os militares não é apenas uma ameaça à capacidade do país de funcionar como uma democracia adequada, mas à própria posição dos militares. Como a sorte política de Bolsonaro continua a sofrer, a preocupação é que ele acabe com a reputação dos militares, uma reputação que eles passaram décadas reconstruindo desde o fim do golpe militar em 1985.

O cenário do juízo final para a liderança militar? Bolsonaro perde a próxima eleição presidencial em 2022 ou enfrenta o impeachment nesse ínterim, o condena como ilegítimo e tenta forçar os militares a apoiá-lo em suas reivindicações. A boa notícia desta semana é que os principais líderes militares enviaram a ele uma mensagem forte: eles escolherão a democracia em vez de defender seu governo a todo custo. (…)

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