Em uma transmissão ao vivo pelas redes sociais na noite de quinta-feira, 04 de fevereiro, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) falou sobre a possibilidade de, no futuro, ficar comprovado que o medicamento cloroquina seja apenas um placebo, ou seja, sem efeito ativo contra a Covid-19.
“Pode ser que lá na frente falem que a chance é zero, que era um placebo. Tudo bem. Paciência. Me desculpa. Tchau. Pelo menos não matei ninguém. Agora, se por ventura, se mostrar eficaz lá na frente, você que criticou, parte da imprensa vai ser responsabilizada, pelo menos moralmente”, disse.
Atualmente, a medicação não tem comprovação científica para tratamento contra o doença.
No mesmo mês em que o governo federal não respondeu a carta encaminhada pelo CEO mundial da Pfizer, Abert Bourla, que pedia rapidez na negociação doses da vacina contra a Covid-19, o Ministério da Saúde negociava a compra de cloroquina.
A carta da Pfizer foi enviada ao presidente Jair Bolsonaro e a alguns ministros no dia 12 de setembro de 2020. Na época, o Brasil acumulava 131.210 mortes e 4,3 milhões de casos confirmados do novo coronavírus. Hoje, são mais de 230 mil mortes e 9,4 milhões de casos.
O Brasil foi o 57º país a começar a vacinar sua população, o que começou a ser feito em janeiro.
Uma empresa de Minas Gerais vendeu ao laboratório do Exército Brasileiro ao menos dois lotes de insumos importados para a fabricação de cloroquina por um valor 167% mais alto do que a mesma empresa tinha cobrado do Exército dois meses antes. O custo total desses contratos mais caros foi de R$ 782,4 mil aos cofres públicos.
Documentos revelam que o laboratório do Exército não contestou formalmente esse aumento no preço e só cobrou explicações por escrito à empresa depois de a compra, já finalizada, ter virado alvo de uma investigação no Tribunal de Contas da União (TCU).
Um mês depois, a área técnica do tribunal determinou que o Exército interrompesse a produção de cloroquina até que ficasse esclarecida qual era a demanda real.
Para o TCU, “a falha em questão tem o potencial de gerar dano ao erário, pois a produção pode exceder à necessidade do SUS e gerar acúmulo e vencimento de medicamentos, não alcançando, portanto, a finalidade pública”.
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