domingo, 21 de novembro de 2021

O jornalista Janio de Freitas criticou a falta de cobertura da viagem do Lula da Silva por países na Europa

 Foto: Reprodução

O jornalista Janio de Freitas, em sua coluna na Folha de S.Paulo neste domingo (21), escreveu sobre o papel da mídia e criticou a falta de cobertura da viagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por países na Europa.

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Janio de Freitas fala da mídia e de Lula

Janio escreve:

“A viagem de Lula à Europa proporcionou, pelo avesso, o mais desalentador prenúncio da disputa eleitoral do próximo ano. Foi preciso que leitores e espectadores esbravejassem com suspeições, para que o noticiário dos principais diários e emissoras incluísse o assunto de inegável relevância política e jornalística. Era passada já uma semana desde o início, dia 11, da viagem a convite da Fundação Friedrich Ebert e do SPD, partido do futuro primeiro-ministro da Alemanha.

Componente não menos sugestivo no silêncio veio a ser o seu encerramento também coincidente, na data, entre as diferentes vias de noticiário. Quase uma informação involuntária de coincidências em tudo combinadas. Sobretudo tendo em vista os tantos grupos de influência, os de sempre e vários recentes, já ativos para a decisão eleitoral (a estabilização temporária de Bolsonaro liberou-os do trabalho de sustentá-lo).

O histórico da chamada mídia brasileira a iguala aos militares na adoção funcional de um papel político, de dirigismo suprainstitucional e supraconstitucional. A modernização técnica do jornalismo reduziu, mas não conseguiu extirpar, a função político-ideológica que originou a velha imprensa. Não se trata da definição por linha política ou por candidatura, que podem ser legítimas se transparentes e éticas, mas de práticas manipuladoras da consciência e da conduta dos cidadãos. Nesse atraso, empresários do meio são a força impositiva, mas são jornalistas os seus operadores”.

E pontua:

“Com Bolsonaro e Moro, coadjuvados por Ciro Gomes, a disputa pelo voto não será política. Será bélica, entre os três e deles contra os demais. Para pesar do jornalismo, a mal denominada mídia é a mais eficaz arma nesse gênero de guerra. Quando quer sê-lo. O pós-ditadura já sofreu várias dessas transfigurações antidemocracia, com fins não só eleitorais, praticadas tanto pelo conjunto, como por um ou poucos componentes da comunicação social. Seu êxito, em todas as suas ocorrências, levando a péssimos resultados para a vida institucional, política e econômica do país. Razão de alguns pedidos tardios de desculpas e de promessas ainda em suspenso”.

E completa:

“Jornais e tevês, e seus proprietários, dirigentes e jornalistas, estão diante da responsabilidade por uma eleição presidencial limpa. Ou o serão por um desastre institucional e social sem mais possibilidade, desta vez, de recuperação em tempo imaginável”.

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