Da Coluna de Mello Franco no Globo:
Com a pandemia fora de controle e os quatro filhos sob investigação, Bolsonaro perde popularidade e começa a assistir à debandada de fatias expressivas do PIB. Ao celebrar seu aniversário, há dez dias, o capitão disse que “só Deus” poderia tirá-lo do poder. É neste contexto que ele volta a apelar ao fantasma de um autogolpe.
O presidente nunca escondeu seus planos. Quer transformar as Forças Armadas numa milícia particular, a ser usada para defender seus interesses políticos. Os militares abocanharam mais de seis mil cargos no governo, mas resistem a embarcar numa aventura golpista. Agora receberam um tranco com a demissão do ministro da Defesa.
Mas as primeiras reações à queda de Fernando Azevedo indicam que não será tão fácil virar a mesa. Em solidariedade ao general, os comandantes de Exército, Marinha e Aeronáutica acertaram uma renúncia conjunta. Bolsonaro poderá substituí-los, mas sabe que a cúpula militar continuará a vê-lo como um capitão baderneiro.
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