Pressão feita pelo Palácio do Planalto no conteúdo produzido pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC) tem levado a estatal a registrar casos de censura e de boicote a opiniões contraditórias do que prega o governo. A situação se agravou nos últimos dias com a troca de diretores da EBC.
Chegaram aos quadros da estatal, recentemente, o ex-diretor do programa Pânico na Band Alan Eduardo Rapp e o publicitário Glen Lopes Valente, ex-diretor do SBT.
Funcionários reclamam que, em vez de comunicação pública, os veículos como TV Brasil, Agência Brasil e Rádio Nacional estão sendo usados para propaganda e promoção pessoal do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Além disso, o conteúdo veiculado vem sofrendo modificações. Na última terça-feira (13/10), por exemplo, o canal conseguiu os direitos de transmissão da partida entre Brasil e Peru, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. Confrontos da Série D do Campeonato Brasileiro também passaram a ser exibidos.
Ultimamente, empregados se queixam de que a ingerência governamental está cada vez mais taxativa. A cobertura das queimadas no Pantanal e na Amazônia, por exemplo, teve pouco espaço para visão crítica e contemplou as explicações do governo. O mesmo se repete com a pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.
A fusão entre a TV Brasil e a TV NBR, feita no ano passado, acentuou os problemas. Antes existia uma separação entre o jornalismo da NBR, que acompanha a agenda da Presidência e de ministros, e o jornalismo da TV Brasil, que deve ser público de fato, para ouvir a sociedade em geral e trazer as diferentes visões.
Até mesmo as notícias que partem do próprio governo, mas com potencial de desgastar a imagem do presidente, acabam sendo evitadas. Um dos exemplos é o uso da cloroquina, remédio defendido por Bolsonaro como tratamento para a Covid-19. A droga não tem eficácia científica reconhecida para esse fim.
A ida de figuras como Alan Rapp para o comando da EBC reforça o objetivo do governo em reforçar conteúdos positivos para o Planalto e evitar exposições desgastantes. Nas redes sociais de Rapp, é comum vê-lo elogiando Bolsonaro e ministros, além do hábito de reproduzir mensagens pró-governo.
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