segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Estudo mostra que as milícias dominam a maior parte do Rio de Janeiro

 



Os grupos milicianos do Rio já controlam 57% do território da capital fluminense. Enquanto isso, as três facções do tráfico carioca têm, somadas, o domínio de 15%. Chama a atenção, portanto, a predominância da milícia na cidade, que também ganha evidência quando é exposto o número de cariocas que vivem sob o controle desses grupos criminosos: um a cada três moradores, ou 2,2 milhões de pessoas.

Os dados estão no estudo Mapa dos Grupos Armados do Rio de Janeiro (veja mapa neste link), feito em parceria entre o Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da UFF, o Núcleo de Estudos da Violência da USP, o Disque-Denúncia e as plataformas Fogo Cruzado e Pista News. O poderio mensurado pela pesquisa joga luz sobre a rápida expansão dos milicianos, que não se limita a bairros da capital. Eles se espalham cada vez mais pela região metropolitana, especialmente na Baixada Fluminense. Foi no âmbito do combate a esse aumento de capilaridade que a Polícia Civil cumpriu duas operações na semana passada, que resultaram na morte de 17 suspeitos.

No Mapa dos Grupos Armados, também chama a atenção o porcentual superlativo de territórios em disputa: 25% da capital. Apenas 2% da área do Rio não estaria passando por nenhum domínio criminoso ou conflito entre grupos. Os pesquisadores observaram uma nítida mudança no cenário do crime. Se antes o tráfico disputava entre si os territórios, hoje a milícia é quem desponta como principal adversária do Comando Vermelho, enquanto as demais facções têm poderio reduzido. Isso desconstrói a ideia de paz que a milícia historicamente tenta vender ao ocupar locais antes pertencentes ao tráfico.

“Segundo o mapa, as milícias também entram em disputas territoriais violentas e atuam em territórios cada vez mais extensos, onde controlam esses bairros ilegalmente, cobrando taxas extorsivas sobre os mercados de serviços essenciais como água, luz, gás, TV a cabo, transporte e segurança, além do mercado imobiliário”, aponta o pesquisador Daniel Hirata, da UFF.

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