domingo, 25 de outubro de 2020

Para colunista do Globo, o Bolsonaro será o grande perdedor das eleições deste ano

                     Jair Bolsonaro e Ascânio Seleme, do Globo. Foto: Agência Brasil/Reprodução/ANJ

Você pode dizer que ainda é cedo para se fazer projeções, e eu devo concordar. Mas não dá para espiar o desenvolvimento das campanhas municipais sem se constatar o óbvio. Até aqui, o grande derrotado é Jair Bolsonaro. Seu dedo de ouro das eleições de 2018 aparentemente virou um dedo podre. Para onde ele aponta, é dali mesmo que não sai nada. As pesquisas não deixam margem para dúvida. Segundo o Datafolha de quinta passada, Bolsonaro perde em São Paulo, com Russomanno, no Rio, com Crivella, e em Belo Horizonte, com Engler. Os três mereceram o apoio explícito do capitão.

Em BH, o candidato bolsonarista tem apenas 3% das intenções de voto. Está certo que lá o prefeito deve ser reeleito no primeiro turno, mas mesmo assim, onde anda a pujança do presidente? O nome apoiado por ele rasteja por migalhas eleitorais. No Rio, o malfadado bispo Crivella corre sério risco de não ir para o segundo turno. Se os cariocas respiram aliviados com a boa nova, os três zeros do presidente tentam entender por que a coisa vai tão mal na cidade que deveria lhes pertencer. E em São Paulo, Russomanno derrete sob a luz do sol. Se continuar nesse ritmo, também perde a vaga no segundo turno.

Curioso é que os candidatos apoiados por Bolsonaro podem ser passados para trás por adversários de partidos de esquerda, ou de centro-esquerda. No Rio, a delegada Martha Rocha, do PDT, já empatou com Crivella, com uma curva de intenções de votos em ascendência contra a descendente do bispo. Em São Paulo, o quadro não é menos dramático. Em um mês, Guilherme Boulos, do PSOL, subiu de 9% para 14%, enquanto o candidato do capitão despencou de 29% para 20%. E faltam ainda três semanas para o primeiro turno. Bruno Covas (PSDB) lidera com 23%.

Em apenas três capitais candidatos claramente bolsonaristas estão à frente nas pesquisas. Em Fortaleza, o capitão Wagner, do PROS, tinha entre os dias 12 e 14 de outubro, segundo o Ibope, 28% das intenções de voto contra 23% de Luizianne Lins, do PT. Em Goiânia, levantamento do Ibope entre 30 de setembro e 2 de outubro indicava Vanderlan Cardoso (PSD) com 21% contra 20% de Maguito Vilela (MDB). E em Cuiabá, o candidato Abílio Jr. (Podemos) tinha 26%, entre 14 e 16 de outubro, contra 20% dados a Emanuel Pinheiro (MDB).

No restante do país, os candidatos de Bolsonaro comem poeira. Partidos de esquerda e centro-esquerda estão na frente em nove capitais. PSDB em quatro, PSB em duas, PSOL, PDT e PCdoB em uma cada.

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