domingo, 2 de julho de 2023

Pesquisa mostra que condenação do Bolsonaro deixa os bolsonaristas desnorteados


A inelegibilidade de Jair Bolsonaro (PL), determinada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na última sexta-feira (30) gerou um engajamento menor que o esperado, e comum, entre os apoiadores do ex-presidente nas redes sociais.

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Isso é o que aponta a pesquisa realizada pela agência de análise de dados Bites e por pesquisadores das universidades federais da Bahia e de Santa Catarina. Ao longo da última semana, houve pouca discussão sobre um possível sucessor do bolsonarismo para as eleições de 2026, bem como a presença de teorias da conspiração foi limitada. Para os pesquisadores, foi possível perceber um sentimento de “desnorteamento” até a decisão de condenação.

Segundo os dados, a mobilização digital do bolsonarismo permaneceu fraca ao longo da semana, ressurgindo apenas com a decisão final do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), porém sendo suplantada pelos setores políticos de centro e esquerda.

As investigações em andamento contra o ex-presidente, como o inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) e a CPI do 8 de janeiro, contribuíram para esse enfraquecimento, assim como o término do mandato presidencial, quando Bolsonaro perdeu o palanque e a máquina federal de comunicação, além das transmissões ao vivo semanais.

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André Eler, diretor-adjunto da Bites, destacou em entrevista ao jornal O Globo que “Alguns influenciadores perderam suas contas nas redes por decisões judiciais, mas também há menor apetite de defesa de Bolsonaro pela falta de perspectiva de poder”. Eler também comentou que uma reorganização da direita pós-Bolsonaro, com atores dessa vertente que criticam Lula, mas sem interesse em debater em defesa do ex-presidente.

No dia da condenação, o ex-presidente Bolsonaro teve cerca de 728 mil menções nas redes sociais, aproximadamente metade do número alcançado seis meses atrás, logo após deixar a Presidência. No dia em que o ministro Benedito Gonçalves, relator da ação no TSE, votou pela condenação, houve 388 mil menções.

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Em contraste, no dia 8 de janeiro, quando ocorreram os atos de vandalismo em Brasília por seus apoiadores, Bolsonaro teve um pico de 1,3 milhão de menções. Nas semanas em que foi alvo de busca e apreensão pela Polícia Federal e em seu retorno ao Brasil após o autoexílio nos Estados Unidos, houve um volume próximo a 1 milhão de menções.

Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, Jair Bolsonaro, inelegível, e Romeu Zema, governador de Minas Gerais. Foto: Nelson Almeida/AFP

No aplicativo de mensagens Telegram, os bolsonaristas enxergam o julgamento como parte de uma conspiração para manter a esquerda no poder, e não veem motivo para discutir um possível sucessor de Bolsonaro para as eleições de 2026, conforme a análise realizada pelos pesquisadores Leonardo Nascimento e Paulo Fonseca, da UFBA, e Letícia Cesarino, da UFSC, com base nos principais grupos de apoiadores de Bolsonaro no aplicativo.

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Eles não encontraram menções aos candidatos ao posto de líder da extrema-direita. Os governadores de São Paulo e Minas Gerais, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Romeu Zema (Novo) não foram citados, assim como o filho de Jair, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o senador Sergio Moro (União-PR).

No entanto, houve 81 menções à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, indicando a possibilidade de uma sucessão política diante da inelegibilidade.

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