sexta-feira, 28 de julho de 2023

O Jair Bolsonaro admite que cogitou dar golpe


O ex-presidente Jair Bolsonaro admitiu que chegou a “pensar” em dar um golpe de Estado enquanto estava no posto. Ele diz que uma ruptura institucional no país seria “fácil” e que o problema seria a relação com outros países do exterior.

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“Pensar, todo mundo pensa. De vez em quando alguém falava alguma coisa. Agora, ninguém tentou me convencer”, afirmou o ex-mandatário em entrevista à revista Crusoé. “Dar um golpe é a coisa mais fácil que tem. O duro é o day after, o dia seguinte. Como é que o mundo vai se relacionar conosco? Temos experiência de países que tomaram medidas de força e as consequências são péssimas”, prossegue.

Ele ainda insiste na narrativa do Art. 142 da Constituição Federal como uma forma de impor um regime militar, mas diz que ele precisaria “explicar o porquê” do uso da ferramenta.

“Quando você fala de Estado de Defesa, de Estado de Sítio, de art. 142, são todos remédios previstos na Constituição. Se o presidente decide acionar o art. 142, precisa enfrentar as condicionantes, explicar o porquê de se fazer aquilo. Você tem que ouvir o Conselho da República. Então, houve alguma assinatura em qualquer documento da minha parte? Não houve nada. Eu convoquei os conselhos da República e da Defesa para tratar desse assunto? Não”, aponta.

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Atos terroristas de 8 de janeiro, em Brasília
Foto: Reprodução

Bolsonaro também negou ter responsabilidade sobre os ataques terroristas de 8 de janeiro em Brasília. Segundo ele, foi criada uma “narrativa do golpe” para implicá-lo no episódio. O ex-presidente segue com a narrativa de que o governo Lula teria envolvimento com o caso.

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“Falam muito em achar os financiadores das manifestações, quem paga a conta… mas, quando um requerimento da CPMI pedindo as listas de hospedagem dos hotéis de Brasília depois dos atos de 8 de janeiro é rejeitado, você percebe que algo está errado. Aí você vê que o governo está extremamente interessado em que não se apure nada. Ele quer que continue essa narrativa de golpe. A gente sabe que o pessoal quer chegar a mim”, argumenta.

Ele ainda diz que o ataque foi feito por um grupo cuja “grande maioria era bem-intencionada” e que os terroristas são “pobres pessoas que se viram tentadas a entrar no Parlamento”.

“O pessoal queria protestar. Qual era o melhor lugar? No meu entender, se ficasse acampado na Esplanada dos Ministérios, seria pior. Então ficavam longe, afastados…”, prossegue.

Ele também se manifestou sobre as mensagens golpistas entre seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, e o coronel Jean Lawand Júnior. O militar golpista pediu para que o então assessor de Bolsonaro desse uma “ordem” para um gilpe.

O ex-presidente diz que não conheceu Lawand e que Cid tinha “liberdade de falar o que bem entendesse”. “Eu nunca tive contato com o coronel Lawand. O Cid passou a ter amizade com algumas pessoas e a ter liberdade de falar o que bem entendesse. É comum você falar uma coisa que não queria e, depois que acontece, você se arrepende. Jamais alguém ia tratar de golpe por WhatsApp”, alega.

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