quinta-feira, 15 de julho de 2021

Somente 10% dos policiais brasileiros são a favor de liberação do uso de arma pela população


Uma das principais bandeiras do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na segurança pública, a liberação ampla de armas não encontra eco nos policiais brasileiros. Só 10% são favoráveis a armar a população, enquanto 16% defendem a proibição total de civis andarem armados. A maioria (74%) acha que o uso deve ser permitido, mas com níveis de restrições.

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Outros discursos bolsonaristas, no entanto, convergem com a visão majoritária das corporações. Um exemplo é a crença em remédios ineficazes contra a Covid, como a cloroquina, a azitromicina e a ivermectina. Entre os policiais, 63% dizem que esses medicamentos são uma medida de prevenção da doença -na Polícia Militar, o número chega a 72%.

Ao menos 2,1% dos policiais chegaram inclusive a receber o "kit Covid" da corporação. O percentual chega a 3% na PM e 5% entre os bombeiros.

Os dados são parte do "mapa das polícias", feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública a partir de um levantamento inédito sobre efetivo e carreira policial nos Portais da Transparência e de uma pesquisa realizada com profissionais da área em maio deste ano.

O estudo, parte da 15ª edição do anuário de segurança pública, foi divulgado nesta quinta-feira (15), e mostra que quase um terço dos policiais testou positivo para a Covid em 2020 e 85% dos agentes afirmaram ter medo de ser infectados pelo coronavírus durante o trabalho.

Metade dos policiais acredita que o governo federal está realizando ações para auxiliá-los na pandemia –número que cresce para 57% entre os PMs e diminui entre os policiais civis (32%).

É menos do que aqueles que acreditam que é o governo estadual que está ajudando a polícia a lidar com o vírus (43%).

"Quem defende o liberou geral nas armas é também mais favorável ao governo federal", afirma Renato Sérgio de Lima, presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e responsável pelo estudo. "O negacionismo e os discursos de Bolsonaro durante a pandemia influenciaram parcela significativa dos policiais."

Um exemplo disso, segundo o pesquisador, é que os policiais até se dizem confortáveis em pedir para as pessoas colocarem a máscara (63%), em realizar operações em festas clandestinas (43,5%), em dispersar aglomerações (46%), mas se sentem desconfortáveis em fechar comércios e serviços abertos irregularmente (52,5%).

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