“O homem que se acha Napoleão tem sempre o mesmo perfil. Autoritário, caprichoso, colérico. Imperial. É o senhor do Universo. Seu poder é ilimitado. Tudo deve se curvar à sua vontade. Sua expressão é grave, não cessa de dar ordens, exige a devoção de acompanhantes que de maneira geral ele despreza.” Essa não é uma definição laudatória do general que mudou a face da Europa. São palavras da francesa Laure Murat em sua história da loucura. E cabem para entender Jair Bolsonaro, 200 anos depois, que em Brasília também exibe delírios de grandeza.
Napolião coroou a si mesmo, já que não reconhecia a autoridade de ninguém. São imagens que lembram Bolsonaro. O presidente deu nova mostra de ambição desmedida e desatino na última semana. Disse que já estava com um decreto pronto para ignorar a autoridade de governadores e prefeitos na condução da pandemia e governar sem o constrangimento imposto pelo STF. É mais uma ameaça contra a democracia, desta vez mais explícita. Não foi a única manifestação delirante. Na semana em que o País chegou a 430 mil mortos, o mandatário se sentiu à vontade para fazer um churrasco com amigos e exibir-se de moto, sem capacete. Já estimula novas manifestações de apoiadores para se contrapor à comissão que ameaça seu governo no Congresso. Mais uma vez lançou suspeitas sobre o pleito de 2022. E emendou: “Só Deus me tira daqui”.
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Juristas, psiquiatras e parlamentares há muito tempo apontam a incapacidade do mandatário para lidar com situações complexas. O psiquiatra forense Guido Palomba, ex-presidente da Academia de Medicina de São Paulo, vai ainda mais longe e associa o presidente claramente, por diversas evidências, à psicopatia. Esse transtorno de personalidade, na opinião do especialista, descreve vários comportamentos do mandatário. O mais gritante é a falta de empatia, estampada pelas inúmeras manifestações em que mostrou indiferença pelas vítimas da tragédia, chocando o País. Outro aspecto é a vaidade exagerada, que faz o portador desse desvio de comportamento não tolerar contrariedades. Outra característica é a agressividade, que o torna mal-educado e provocador.
A “inteligência limítrofe” faz o psicopata praticar atos bizarros, por teimosia. Também não reconhece erros. Se volta atrás, é por estratégia momentânea. Na opinião do psiquiatra, o psicopata não distingue o certo do errado quando ocupa cargo público. Só lhe interessa o poder, daí o fato de tornar-se tirano. Já em funções militares, desobedece e desacata a autoridade. É rancoroso e vingativo. Conforme os manuais, não se preocupa nem demonstra responsabilidade com o futuro daqueles a quem deve cuidar.
Essas definições se encaixam de forma rigorosa ao comportamento presidencial, independentemente de um diagnóstico preciso a ser chancelado por especialistas. É o que defende há mais de um ano o jurista Miguel Reale Júnior, quando o presidente começou a participar de manifestações contra o Congresso e o STF causando aglomerações. Na época, Reale já dizia que o presidente deveria se submeter a uma junta médica para saber se está em seu pleno juízo e o Ministério Público, requerer um exame de sanidade mental para o exercício da profissão.
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