Ao crítico contumaz da política de morte do presidente Jair Bolsonaro, começo questionando sobre quais são, em sua perspectiva, as contradições entre ser cristão evangélico e ser bolsonarista. O pastor progressista utiliza exemplos práticos para ilustrar a incoerência entre as duas definições.
“Jesus Cristo apostou no amor, o bolsonarismo aposta no ódio. Jesus Cristo apostou na paz, o bolsonarismo faz uma aposta permanente na violência. Jesus Cristo apostou no perdão, na possibilidade de recomeço para todas as pessoas, o bolsonarismo aposta na vingança. Jesus Cristo denunciou o acúmulo de riquezas e sempre esteve ao lado dos pobres, o bolsonarismo tem uma política econômica que aprofunda a desigualdade social e que explora cada vez mais o povo. Jesus Cristo nunca usou armas, o bolsonarismo aposta no armamento da população. Na verdade, o que a gente observa é que a ética do Evangelho é completamente incompatível com a proposta bolsonarista de sociedade”, explica.
Mesmo com o argumento de Vieira, é inevitável não mencionar que inúmeros líderes influentes, de denominações expressivas, mantêm-se fiéis ao extremismo bolsonarista. Para ele, o cristianismo hegemônico, institucional, aquele que foi “oficializado” ao longo do tempo, ainda na Igreja Católica, e por consequência também entre os evangélicos hoje, tem interesses que avançam sobre o modelo exploratório estrutural das sociedades, deixando a verdadeira verve cristã de lado.
“Há uma contradição entre o bolsonarismo e o Evangelho… Como é possível que determinadas lideranças sigam o Bolsonarismo? É porque já faz muito tempo que o cristianismo hegemônico, institucional, se afastou do Evangelho. Esse cristianismo hegemônico e institucional foi cúmplice e parte estrutural da colonização escravocrata, racista, patriarcal, genocida, violenta e sanguinária da América. Esse cristianismo tem uma formação doutrinária que não tem a ver com dignidade humana, que não tem a ver com a promoção da paz, com o respeito à diversidade. Esse tal cristianismo se alinha, infelizmente, a essa lógica de tortura, de execuções extrajudiciais e violações aos direitos humanos. Jesus foi morto pelo Império Romano. Três séculos depois, o cristianismo virou a religião oficial do Estado e é aí que começou a tragédia. Porque a mensagem que vinha dos oprimidos passou a ser interpretada pelos opressores e desde então temos essa contradição.”
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