sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

Porque o sistema corrupto tem atração pelo Bolsonaro

 

                                   Foto: Reprodução/TV Brasil
Jair Bolsonaro deixou de avalizar a aquisição de vacina da Pfizer em agosto, quando a empresa fez uma proposta formal de fornecimento ao Brasil, mas não tardou em avalizar o ataque de Kassio Marques à Lei da Ficha Limpa.

A primeira canetada antecipou o retorno à política de condenados por crimes como estupro, homicídio, desvio de recursos públicos, lavagem de dinheiro e tráfico de entorpecentes; mas encontrou em Luís Roberto Barroso um obstáculo: o ministro suspendeu o processo em que um candidato ficha-suja beneficiado por Kassio pedia o aval da Justiça Eleitoral para assumir o cargo de prefeito. Barroso quer que o plenário do STF delibere sobre o alcance da lei, decidindo se o prazo de 8 anos de inelegibilidade começa a contar após o cumprimento da pena, como dizia o dispositivo, ou a partir da condenação em órgão colegiado, como arbitrou “nosso Kassio” do Centrão, no momento em que o governo busca apoio parlamentar para eleger o réu Arthur Lira presidente da Câmara.

“Quem erra, tem que pagar, mas não pode pagar ‘ad aeternum’”, defendeu Bolsonaro, agora aprendiz de latim, na véspera do Natal. “Nada de mais isso.”

Antes mesmo de Ricardo Lewandowski ter ordenado a abertura dos arquivos hackeados da Lava Jato para seu padrinho político Lula e de Gilmar Mendes pautar o HC do ex-presidiário que questiona a imparcialidade do então juiz Sergio Moro, Bolsonaro também absolveu Kassio de qualquer culpa por eventual decisão da Segunda Turma do STF favorável ao petista: “Se tiver que votar para absolver o Lula, que vote!”, disse o presidente da República, avalizando indiretamente a suspeição de Moro, possível rival em 2022.

Assim como faz Lula, Bolsonaro ainda atacou o instituto da delação premiada: “Delata para criar um clima e depois não se comprova nada”, reclamou o beneficiário agora confesso de 89 mil reais em depósitos de Fabrício Queiroz e Márcia Aguiar, casal atualmente preso no conforto de casa, graças ao aval de Gilmar Mendes à decisão de João Otávio de Noronha, do STJ, de tirar Queiroz da cadeia. Gilmar forma com Lewandowski e Kassio o atual trio libertador da Segunda Turma, cujos esforços somados podem garantir a Lula uma ficha limpa e a consequente elegibilidade.

Curiosamente, um ano antes, na véspera do Natal de 2019, Jair Bolsonaro havia sancionado a restrição da delação premiada aos fatos originalmente investigados, um dos jabutis inseridos no pacote anticrime proposto pelo então ministro Moro.

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