Foto: Agência Brasil
Foi publicado no Diário Oficial da União desta quarta (27) a portaria que abre um chamamento público para que igrejas se cadastrem voluntariamente para “selar a parceria entre Estado e igrejas em ações sociais”.
O objetivo da pastora Damares é criar um cadastro nacional de instituição religiosas que têm interesse “em colaborar com o atendimento de públicos vulneráveis e em forças-tarefa de socorro às vítimas de situações de emergência ou de calamidade pública”, reportou o jornal Estadão.
Mas o governo federal já dispõe de um censo sobre organizações religiosas. Na prática, a ação de Damares parece ter outra intenção: a de privilegiar igrejas evangélicas na interlocução com a população mais pobre, esvaziando o papel da assistência social, defesas civis, entre outros funcionários técnicos das prefeituras e governos estaduais.
Para o professor Edin Sued Abumanssur, líder do Grupo de Estudos do Protestantismo e Pentecostalismo da PUC/SP, a medida cheira a uso da máquina pública com fins eleitorais. “Isso é inócuo e a desconfiança de fins eleitoreiros é grande. O processo eleitoral já começou e tudo que se faz em termos de política visa a eleição de 2022. Como o cadastro é voluntário, só vai se inscrever quem tiver muito interesse em se aproximar do governo”, disse ao jornal.
Durante a primeira onda da Covid-19, Damares já havia inflado o papel das igrejas junto ao governo Bolsonaro ao articular a entrega de cestas básicas para populações isoladas e carentes por instituições religiosas amigas, usando o orçamento do programa Pátria Voluntária, apadrinhado pela primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Esse “censo” de igrejas simpatizantes do bolsonarismo surge ainda na esteira da notícia de que o Ministério da Cidadania vai substituir o trabalho da Assistência Social no Bolsa Família por um aplicativo semelhante ao que foi usado no pagamento do auxílio emergencial.
A ex-ministra Tereza Campello condenou a iniciativa e ainda disse que as intenções do governo Bolsonaro com o Cadastro Único – que contém dados de 114 milhões de brasileiros pobres – deve ser investigada.
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