quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Damares cadastra igrejas para trabalhar para o governo

 

                                                        Foto: Agência Brasil
 Enquanto todos os holofotes se voltam para as vacinas, a pandemia de coronavírus, a crise econômica, eleição da Câmara e os milhões de reais gastos em compra de leite condensado pela União, Damares Alves está montando um banco com dados de igrejas que têm interesse em receber verba pública para “trabalhar” pelo governo Bolsonaro.

Foi publicado no Diário Oficial da União desta quarta (27) a portaria que abre um chamamento público para que igrejas se cadastrem voluntariamente para “selar a parceria entre Estado e igrejas em ações sociais”.

O objetivo da pastora Damares é criar um cadastro nacional de instituição religiosas que têm interesse “em colaborar com o atendimento de públicos vulneráveis e em forças-tarefa de socorro às vítimas de situações de emergência ou de calamidade pública”, reportou o jornal Estadão.

Mas o governo federal já dispõe de um censo sobre organizações religiosas. Na prática, a ação de Damares parece ter outra intenção: a de privilegiar igrejas evangélicas na interlocução com a população mais pobre, esvaziando o papel da assistência social, defesas civis, entre outros funcionários técnicos das prefeituras e governos estaduais.

Para o professor Edin Sued Abumanssur, líder do Grupo de Estudos do Protestantismo e Pentecostalismo da PUC/SP, a medida cheira a uso da máquina pública com fins eleitorais. “Isso é inócuo e a desconfiança de fins eleitoreiros é grande. O processo eleitoral já começou e tudo que se faz em termos de política visa a eleição de 2022. Como o cadastro é voluntário, só vai se inscrever quem tiver muito interesse em se aproximar do governo”, disse ao jornal.

Durante a primeira onda da Covid-19, Damares já havia inflado o papel das igrejas junto ao governo Bolsonaro ao articular a entrega de cestas básicas para populações isoladas e carentes por instituições religiosas amigas, usando o orçamento do programa Pátria Voluntária, apadrinhado pela primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Esse “censo” de igrejas simpatizantes do bolsonarismo surge ainda na esteira da notícia de que o Ministério da Cidadania vai substituir o trabalho da Assistência Social no Bolsa Família por um aplicativo semelhante ao que foi usado no pagamento do auxílio emergencial.

A ex-ministra Tereza Campello condenou a iniciativa e ainda disse que as intenções do governo Bolsonaro com o Cadastro Único – que contém dados de 114 milhões de brasileiros pobres – deve ser investigada.

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