quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

O fim do Auxílio Emergencial poderá trazer calamidade para muitas famílias

 


A redução do auxílio emergencial de R$ 600,00 para R$ 300,00  em setembro de 2020 já tinha levado a pouca renda de cerca de 7 milhões de brasileiros que vivem abaixo do nível de pobreza. Economistas, parlamentares e estudos preveem que o fim do auxílio emergencial, a partir de janeiro de 2021, pode levar o Brasil a viver a maior calamidade da história.

Para piorar, quase 70 milhões de pessoas podem ficar sem receber nenhuma renda ou ter a renda reduzida, o que poderá impactar negativamente a metade da população brasileira de forma acelerada, levando o país a viver um período grave, acredita o professor de economia da Unicamp, Marcelo Manzano.

“O país já vinho patinando nos últimos três anos na economia, a pandemia ampliou e deprimiu ainda mais. Com as medidas restritivas que o governo está preparando para as próximas semanas ou meses, com a taxa de desemprego, que só vai crescer, e o fim do auxílio emergencial, a pobreza vai aumentar rapidamente com proporções jamais vistas”, afirma Manzano.

Segundo o último boletim Dataprev, 68,2 milhões de pessoas receberam o auxílio emergencial ao longo do programa, que durou entre abril e dezembro de 2020, data de vencimento do decreto de estado de calamidade pública.

Do total de beneficiários, 38.233.342 são informais, Micro Empreendedor Social (MEI), 10.492.196 são pessoas ou famílias cadastradas no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico), que apesar da situação de vulnerabilidade não atendem aos critérios do programa Bolsa Família e outros 19.471.039 são do programa Bolsa Família.

Segundo ele, o auxílio emergencial impactou mais de 120 milhões de brasileiros e brasileiras.

A técnica do Dieese e mestranda em Sociologia do Trabalho na Universidade de São Paulo (USP), Adriana Marcolino, explica que  apenas os 19,5 milhões de beneficiários do Bolsa Família continuarão a ter um proteção, porque voltarão a receber o valores do programa, que no entanto serão bem menores.

A redução do auxílio em setembro já mostrou fortes impactos. O número de famílias em extrema pobreza cadastradas no CadÚnico superou a casa de 14 milhões e alcançou o maior número desde o final de 2014.

Segundo dados do Ministério da Cidadania publicados nesta terça-feira (5), o total de pessoas na miséria no Brasil hoje equivale a cerca de 39,9 milhões de pessoas. São consideradas famílias de baixa renda aquelas que têm renda de até R$ 89 por pessoa (renda per capita). Com o fim do auxílio emergencial (com valores que variaram de R$ 300,00 a R$ 1.200,00 por mês), essa média vai baixar para R$ 190, como era antes da pandemia.

“A continuidade de uma política social com programa de segurança de renda é fundamental. A economia ainda está cambaleante, o desemprego cresce e a crise sanitária não chegou ao fim. Se não houver políticas nesse sentido, teremos um grande problema social em 2021”, ressaltou Adriana.

Fim do auxílio também aumentará desemprego

A elevação da taxa de desemprego, que já bateu o recorde de 14,6% nos últimos meses, faz parte do cenário desastroso em 2021. Marcelo diz que com o fim do auxílio emergencial as pessoas que receberam o benefício voltarão a procurar emprego e este contingente vai crescer.

“Não seria surpresa dizer que a taxa de desemprego supere os 20% da população economicamente ativa. Há um grupo de desalentados que está fora do mercado de trabalho, porque sabe que está difícil encontrar emprego e está recebendo a ajuda do governo, mas que deve voltar a procurar uma vaga assim que o auxílio terminar”, explica o professor, que complementa: “Então, o aumento do desemprego será uma consequência direta do fim do auxílio”.

(Da CUT)

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