Fontes do banco dizem: não será possível a devolução dos celulares porque eles foram quebrados em acessos de fúrias de Guimarães.
O advogado do ex-presidente, José Luis Oliveira Lima, classificou a ação da Caixa como “mais uma jogada política da atual gestão, que ataca a excelente gestão de Pedro Guimarães à frente da instituição”.
Já a Caixa informou: os aparelhos, “disponibilizados ao sr. Pedro Guimarães para o desenvolvimento das suas atividades, enquanto no exercício da presidência da Caixa”, não foram devolvidos na sua saída da instituição.
“Caso não seja possível a devolução dos equipamentos, requer-se o pagamento do valor correspondente ao reembolso dos montantes devidos, o que, de acordo com as respectivas notas fiscais, gira em torno de R$ 45 mil”, informou o banco.
Guimarães presidiu a Caixa durante boa parte da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem era próximo, e só foi exonerado depois que denúncias de assédio sexual e moral vieram a público.
Testemunhas ouvidas pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) relataram episódios em que celulares e televisões foram destruídos. A Caixa informou ao órgão que os aparelhos funcionais, de uso obrigatório, eram dos modelos iPhone 12 Pro Max e 13 Pro Max.
“A testemunha 01 disse que quando o ex-presidente fica com raiva ele destrói celular, joga celular no pé da pessoa, destrói uma TV, destrói um computador“, diz trecho da investigação do MPT.
“A testemunha 12 disse que logo no começo da administração, com mais ou menos quatro meses, o ex-presidente recebeu o celular corporativo, ficou insatisfeito e jogou na parede, e o aparelho espatifou todo; que a depoente acredita que o aparelho era um Iphone.”
Em abril, a Caixa fechou um acordo com o MPT no qual se comprometeu a pagar R$ 10 milhões para encerrar o caso na esfera trabalhista. Na ocasião, a presidente, Rita Serrano, disse que o banco quer cobrar os valores de Guimarães.
“A Caixa irá pagar, cumprir, lógico, é uma determinação da Justiça do Trabalho, mas a Caixa vai entrar com uma ação de ressarcimento desses valores contra o ex-presidente da Caixa porque obviamente a responsabilidade dessa situação foi causada por ele”, afirmou.
“Nada mais justo que ele ressarça a Caixa das multas agora que a Caixa está pagando por conta dessas ações de assédio comprovadas pelo Ministério [Público] do Trabalho”, continuou ela em evento da empresa no mês passado.
A Caixa se comprometeu a receber e encaminhar as denúncias dos funcionários em até 30 dias, e concluir as investigações internas em até seis meses – prazos que há até pouco tempo não existiam.
Além disso, o banco concordou em facilitar o recebimento de denúncias e coibir retaliações por isso. Antes, segundo relatos, empregados não conseguiam formalizar a queixa em alguns casos, sobretudo quando queriam se manter em sigilo.
Na nota enviada à reportagem sobre o processo referente aos iPhones, o advogado de Guimarães afirmou ainda que a Caixa fechou o acordo para “prejudicar o ex-presidente politicamente”.
“A Caixa fez um acordo espontâneo, justamente para prejudicar o ex-presidente politicamente, tanto que a juíza responsável pela ação reconheceu que Pedro Guimarães não poderia figurar como réu e declarou a ação extinta em relação a ele. Pedro Guimarães é vítima do jogo político acalorado no nosso país.”
Com a assinatura do acordo com o MPT, a Caixa escapou de pagar uma indenização de R$ 305 milhões por danos morais coletivos. O banco, no entanto, ainda enfrenta outros processos da época de Pedro Guimarães.
A empresa pública também foi condenada a pagar R$ 3,5 milhões pelo episódio de 2021 em que o ex-presidente coagiu funcionários a fazerem flexões. A ação foi movida pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.
O ex-presidente da Caixa também é réu por assédio sexual e importunação sexual. O caso está sob sigilo. A defesa dele nega a prática de crimes. As vítimas confiam na Justiça.
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