sábado, 26 de setembro de 2020

Carol Solberg, que gritou “Fora, Bolsonaro”, diz que "numa democracia, todas as pessoas podem e devem expressar suas opiniões"


Carol Solberg e Talita não foram as vencedoras da primeira etapa do vôlei de praia brasileiro após a retomada em meio à pandemia, mas foram as mais comentadas nas redes sociais. A razão foi o grito “Fora, Bolsonaro” de Carol em entrevista ao vivo ao SporTV, logo após conquistar a medalha de bronze. O ato, é claro, mobilizou apoiadores e opositores do presidente Jair Bolsonaro.

Entre os apoiadores do presidente, muitos pediram que a atleta tivesse patrocínio do Banco do Brasil cortado, já que ela aparecia usando uma peça da instituição nos jogos. Mas Carol não é patrocinada pelo banco, e sim o Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia. Da mesma forma, ela também não recebe o bolsa-atleta atualmente, embora uma fake news, usando uma tabela do benefício de 2018, tenha sido propagada para atacar a atleta. 

Por que o grito de “Fora, Bolsonaro” naquele momento?

Ela responde: Quando estou em quadra é onde tenho voz, não planejei nada, foi totalmente espontâneo naquele momento. Esse papo de que não se deve misturar esporte e política não dá mais. Numa democracia, todas as pessoas podem e devem expressar suas opiniões sobre qualquer assunto.

Quais são as suas críticas ao governo?

Ela responde: Meu grito foi pelo Pantanal que está em chamas em sua maior queimada já registrada e continua a arder sem nenhum plano do governo. Pela Amazônia, que registra recordes de focos de incêndios. Pela política covarde contra os povos indígenas. Por acreditar que tantas mortes poderiam ter sido evitadas durante a atual pandemia se não houvesse descaso e falta de respeito à ciência. Por ver um governo com desprezo total pela educação e a cultura. Por ver cada dia mais os negros sendo assassinados e sem as mesmas oportunidades. Por termos um presidente que tem coragem de dizer que “o racismo é algo raro no Brasil”. São muito absurdos e mentiras que nos acostumamos a ouvir, dia após dia. Não posso entrar em quadra como se isso tudo me fosse alheio. Falei porque acredito na voz de cada um de nós.

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