Leonardo Sakamoto. Foto: Reprodução/YouTube |
A saúde de um presidente da República é sempre notícia, mas há certa melancolia diante da cobertura do quadro clínico de Jair Bolsonaro, que – segundo ele – testou positivo para covid-19 após ter febre e sintomas. Diante da rapidez das ações tomadas frente ao mal-estar que sentiu, percebe-se que ele se preocupa com sua saúde da maneira como gostaríamos que ele se preocupasse com a saúde dos brasileiros. Não é que ele menospreza a doença sempre. Apenas quando ela atinge os que não ostentam seu sobrenome.
Nos últimos meses, Bolsonaro pouco se importou se brasileiros viviam ou morriam desde que voltassem logo ao trabalho para salvar o seu mandato. Tornou-se, dessa forma, sócio das mais de 65 mil mortes registradas até agora.
Para o povão é “gripezinha”, “resfriadinho”, “fantasia” e “histeria”, coisa sem importância. Tanto falou que levou muita gente, de lebloners a AI-5ers, a agirem como se nada estivesse acontecendo, contribuindo com a difusão do vírus. Quando o caso o envolve, contudo, é levado ao Hospital das Forças Armadas rapidamente. Se acreditasse no que disse, tomava seu “elixir mágico” e esperava para ver o que acontece em casa. E se desse errado, paciência. Afinal de contas, como ele nos explicou, “a gente lamenta todos os mortos, mas é o destino de todo mundo”.
Não desejo a ele o mesmo sofrimento que relegou aos brasileiros, ou seja, espero que ele melhore. Primeiro, porque essa é a diferença entre civilização e barbárie. Mas também porque precisa estar vivo e bem consciente para ver que sua tentativa de derrubar a democracia vai falhar miseravelmente e seu governo ficará registrado no rodapé dos livros de História como um período de autoritarismo “golden shower”, um ensaio incompetente de gestão bananeira digital.
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