Foto: Agência Brasil |
Mesmo com o cenário retratado pelo relatório Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo 2020 (State of Food Security and Nutrition - SOFI) e uma crise socioeconômica sem precedentes, o país não retornou ao chamado Mapa da Fome, desenvolvido pela Organização das Nações Unidas (ONU) com base nos dados levantados pelo documento.
No entanto, isso não significa que o Brasil tenha enfrentado essa mazela social. Em entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, o diretor do Centro de Excelência Contra a Fome do Programa Mundial de Alimentos da ONU (WFP, na sigla inglês), Daniel Balaban, explica que as informações apresentadas nessa segunda-feira, 13 de julho, pelo novo relatório, ainda não consideram os impactos socioeconômicos da crise do novo coronavírus, adiando o retorno do Brasil ao Mapa.
Segundo Balaban, mesmo as consequências das políticas de ajuste fiscal e do desmonte de políticas de proteção social dos últimos anos, processos anteriores à pandemia, serão registrados a médio e longo prazo pelos órgãos internacionais.
“É muito provável que nos próximos relatórios o Brasil apareça como um país com mais de 5% de pessoas em insegurança alimentar e nutricional”, afirma.
Na avaliação de Balaban, caso as políticas sociais continuem sendo deixadas de lado e as políticas voltadas para a agricultura familiar, responsável pela produção de 70% da alimentação no país, não sejam retomadas a todo vapor, a perspectiva é negativa. “Se nada for feito, não existe milagre. Vamos ao caminho de volta ao Mapa da Fome”.
O diretor da ONU Brasil cita o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), o Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), como políticas essenciais neste momento.
“Não existe combate à fome sem ajuda ao pequeno agricultor familiar. Não existe. É por ele que vamos conseguir combater a fome e a desnutrição", aponta.
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