sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Entregador que filmou o João Alberto sendo morto afirma que seguranças do Carrefour tentaram apagar vídeo



De Tiago Boff no GaúchaZH.

 Além da violência que resultou na morte de João Alberto Silveira Freitas, 40 anos, uma tentativa de censura à captação das imagens do flagrante ocorreu, em paralelo às agressões. Enquanto o cliente era espancado, já caído no estacionamento do supermercado Carrefour, um entregador se aproximou e gravou o homem deitado, com um segurança ajoelhado sobre si, e outro imobilizando seus pés. Com 20 segundos de vídeo, o entregador foi interpelado por uma funcionária: “Não faz isso que vou te queimar na loja”, diz a mulher. 

A reportagem de GZH localizou o autor das imagens, que comprovou ter o registro original, a partir do arquivo da câmera do telefone celular. A voz do entregador é a mesma das imagens compartilhadas, e o horário indica o momento do crime: 20h47min de 19 de novembro de 2020.  

Com medo de sofrer alguma sanção dos envolvidos no crime, pediu para não ser identificado. Ele tem 41 anos, e a telentrega é um complemento de sua renda, profissão exercida no turno da noite. A testemunha do caso diz não ter visto a confusão dentro do mercado, somente no estacionamento. Relatou que a vítima não reagiu, e classificou a força utilizada como “desproporcional”. 

— Eles deram um soco no senhor, e ele deu um tapa. Aí pegaram os pés dele, derrubaram no chão e começaram a bater. Bater, bater, bater, bater. E quando fui chegando com o celular, a moça viu e começou a me ameaçar, dizendo que ia me queimar no mercado — relembra. 

Logo em seguida, o entregador disse ter sido cercado, e temeu também ser agredido. Os seguranças então exigiram que ele apagasse os registros do telefone, o que não ocorreu.  

(…)

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