sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

A Pandemia eleva as desigualdades no Brasil


De Eduardo Cucolo e Beatriz Montesanti na Folha de S.Paulo.

Da mesma forma que a pandemia escancarou ainda mais as desigualdades no país, a recuperação da economia e a retomada das atividades também será desigual, principalmente por conta do que os economistas chamam de “efeito cicatriz” para alguns segmentos da população.

Segundo especialistas ouvidos pela Folha, as restrições impostas pela pandemia aceleraram uma transição em direção à economia digital, o que dificulta ainda mais a recolocação de pessoas com menor escolaridade e empresas com menos acesso à novas tecnologias.

Os dados mostram que pessoas com empregos formais sofreram menos que os informais e estão recuperando mais rapidamente seus postos de trabalho. A população mais jovem foi a que mais perdeu renda e horas de estudo. Famílias de regiões mais pobres que dependiam de idosos perderam sua principal fonte de renda.

“A mãe de todas as desigualdades é a desigualdade de educação, que vinha caindo há 40 anos. Isso não só foi interrompido, mas revertido pela pandemia. É uma cicatriz, que tem efeitos permanentes. O vento que soprava a favor começa a soprar contra. Isso vai deixar sequelas”, afirma Marcelo Neri, diretor da FGV Social.

Segundo a instituição, o tempo de estudo dos brasileiros caiu de 4 horas por dia para 2 horas e 23 minutos. Essa queda foi maior entre os alunos de escolas públicas, entre os alunos mais pobres, mais jovens e periféricos.

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