Paulo Figueiredo surge na descrição da operação para recuperar o chamado “Kit Ouro Branco”. Entregue a Bolsonaro pelos sauditas em uma viagem, em outubro de 2019, o kit – um relógio Rolex em ouro branco e diamantes, um anel, abotoaduras e um rosário islâmico (masbaha) – foi vendido pelo tenente-coronel Mauro Cid nos Estados Unidos.
De acordo o descrito na página 67 do documento de Moraes, Cid enviou ao tenente Osmar Crivelatti um arquivo em formato pdf, extraído de uma consulta ao Google Maps. Nele estava destacado o endereço de uma joalheria: a Goldie’s, no complexo Seybold Jewelry Building, em Miami, onde o coronel havia deixado em 14 de junho de 2022 as abotoadoras, o anel e o rosário islâmico para serem expostos à venda. “Nesse contexto, Mauro Cid envia, ainda, o contato do nome Paulo Figueiredo Filho e o telefone +1 (786) 660-xxxx para Osmar Crivelatti”.
A coluna de Marcelo Godoy, do Estadão, procurou Figueiredo Filho, mas ele não respondeu. O número passado à Crivelatti tem o código de área de Miami, onde o comentarista mora. Os federais investigam agora qual o papel de Figueiredo na “operação de resgate” do Kit Ouro Branco.
A Operação Lucas 12:2, da Polícia Federal, investiga também a ligação entre os assessores militares de Bolsonaro e a campanha de difamação montada no fim de 2022 contra os generais do Alto Comando do Exército (ACE). A ação foi desencadeada após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva e procurava desacreditar e deslegitimar os integrantes do ACE que se opunham à aventura golpista defendida por bolsonaristas acampados na frente dos quartéis, a tal “intervenção militar”.
A ação contra os generais ganhou força no dia 28 de novembro de 2022, quando Paulo Figueiredo Filho, afirmou em um programa de rádio: “Eu apurei que há (generais do Alto Comando do Exército) que têm se colocado de forma aberta contra uma ação mais contundente das Forças Armadas. Mas, hoje, por um dever cívico, vou dar nome aos bois, pois o povo brasileiro tem direito de saber quem é quem.”
Figueiredo Filho fazia suas transmissões de Miami, na Flórida. Naquele dia 28, ele continuou: “Os três que estão agindo são o general Richard Nunes, o general Tomás Miguel Paiva, e o general Valério Stumpf.” A fala do jornalista desencadeou uma campanha nas redes sociais que passou a caluniar e a difamar os generais, qualificados como carreiristas, traidores e melancias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário