Dino, por ser ministro, não pode ser intimado compulsoriamente a comparecer às audiências da CPMI. Ainda assim, haja vista a quantidade de vezes que a oposição pediu que fosse ao Congresso para esclarecer dúvidas (sobre edição de decretos de armas, PL das Fake News e suposta omissão no 8 de janeiro), o ministro não se recusa a visitar os parlamentares e parece sair fortalecido após cada audiência, que rendem memes e excesso de visualizações online devido à retórica afiada contra congressistas, como Marcos do Val (Podemos-ES) e André Fernandes (PL-CE).
Seguindo a marca de ministro que mais esteve no Congresso no primeiro semestre – Dino esteve na Câmara por três vezes e uma vez no Senado, o que foi fruto de 18 requerimentos -, tudo indica que ele irá à CPMI, se aprovado seu convite. Como a oposição o elegeu como alvo de questionamentos constantes na tentativa de enfraquecer e desgastar o governo, o ministro especialista em virar o feitiço contra o feiticeiro ainda tem seu nome em 77 requerimentos para participar de esclarecimentos em outras comissões e audiências.
Ao todo, Dino soma mais de 14 horas trocando alfinetadas, ora mais sutis, ora mais debochadas, em sabatinas da oposição.
Os dois requerimentos, que vêm um da ala governista e um da oposição, mostram que a presença de Dino é crucial para a CPMI, especialmente porque a oposição busca a todo custo associar o ministro a atos de negligência em relação ao quebra-quebra perpetrado por bolsonaristas.
O PL afirma que Dino foi devidamente alertado por relatórios de Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) sobre a possível ação violenta de manifestantes na Praça dos Três Poderes. Já Dino afirma que a atribuição de zelar pela segurança da Praça é uma incumbência de órgãos do Distrito Federal, apesar de ter agido para estancar os danos de destruição no dia 08 de janeiro passado.
Um ponto que inverteu as expectativas da oposição em relação à CPMI foi a nomeação da senadora Eliziane Gama (PSD-MA) como relatora do caso. Uma tropa de choque do PL procurou frisar que a amizade entre a senadora e Dino, ambos maranhenses, prejudicaria um relatório isento. Ainda assim, Eliziane não descartou a presença do ministro nas audiências, se comprovado que a motivação não é meramente política. O mesmo a senadora disse sobre o ex-presidente Bolsonaro.
Ainda que o posicionamento de Eliziane seja sóbrio, a atmosfera de ataques e cabo de guerra narrativo da CPMI não poupará o ministro de vivenciar mais do mesmo do que as audiências anteriores proporcionaram. O diferencial, entretanto, é que a oposição percebeu que não pode enfrentar o ministro sem o mínimo de preparo. Assim sendo, os documentos, relatórios, dados e informações sigilosas que os parlamentares pedem em seus requerimentos servem justamente para criar obstáculos maiores para a eloquência do ministro, que seguirá sendo posta à prova no Congresso Nacional.
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